terça-feira, 29 de maio de 2012

Paisagem e silencio



(Cecília Meireles)

O hirto cipreste com pássaros escondidos na rama crespa.
A rendada folhagem das sucessivas acácias.
Folhas coloridas, agaves, roseiras descendo entrelaçadas
A encosta pedregosa.


Para onde foram as borboletas que aqui dançaram?


Os telhados muito velhos, ainda com clarabóias.
Escuros vãos de janelas, tão longe que não se avista ninguém.


Coníferas, palmeiras. Tudo imóvel,
a não ser uma fumaça que sobe azuladamente, entre as arvores.


O flanco da montanha, com seus verdes turvos,
com sua pedra riscada por sulcos de água.


Nuvens tempestuosas, grossas nuvens aquosas
crescendo insensivelmente, cinzentas, pardas, lívidas.
São conchas monumentais, balaustradas, zimbórios frágeis.
Montanhas aéreas de opalas foscas.


De repente, duas pequenas asas fugitivas:
- o pombo branco.
Atrás delas, igual a elas, assim clara, alta e rápida,
uma voz de criança a correr.


Depois, entre o olhar e a tarde,
prossegue o silencio.

Origem do calendário Maia


O calendário maia é um sistema de calendários 

e almanaques distintos, usados pela civilização maia da Mesoamérica pré-colombiana, e por algumas comunidades maias modernas dos planaltos da Guatemala.Estes calendários podem ser sincronizados e O calendário maia é um sistema de calendários e almanaques distintos, usados pela civilização maia da Mesoamérica pré-colombiana, e por algumas comunidades maias modernas dos planaltos da Guatemala.Estes calendários podem ser sincronizados e interligados, suas combinações dando origem a ciclos adicionais mais extensos. Os fundamentos dos calendários maias baseiam-se em um sistema que era de uso comum na região, datando pelo menos do século VI a.C.. Tem muitos aspectos em comum com calendários empregados por outras civilizações mesoamericanas anteriores, como os zapotecas e olmecas, e algumas civilizações suas contemporâneas ou posteriores, como o dos mixtecas e o dos astecas. Apesar de o calendário mesoamericano não ter sido criado pelos maias, as extensões e refinamentos por eles efetuados foram os mais sofisticados. Junto com os dos astecas, os calendários maias são os melhores documentados e compreendidos.Pela tradição da mitologia maia, como está documentado nos registros colonais iucatecas e reconstruído de inscrições do Clássico Tardio e Pós-clássico, a deidade Itzamna é frequentemente creditada como tendo levado o conhecimento do sistema de calendários aos maias ancestrais, junto com a escrita em geral e outros aspectos fundacionais da cultura maia.


O mais importante destes calendários é aquele com período de 260 dias. Este calendário de 260 dias era prevalente em todas as sociedades mesoamericanas, e é de grande antiguidade (quase certamente o mais velho dos calendários). Ainda está em uso em algumas regiões de Oaxaca, e pelas comunidades maias dos planaltos da Guatemala. A versão maia é conhecida pelos estudiosos como tzolkin, ou Tzolk'in na ortografia revisada da Academia de Lenguas Mayas de Guatemala. O tzolkin é combinado com outro calendário de 365 dias (conhecido como haab, ou haab'), para formar um ciclo sincronizado durando 52 haabs, chamado de roda calendárica. Ciclos menores de 13 dias (a trezena) e 20 dias (a vintena) eram componentes importantes dos ciclos tzolkin e haab, respectivamente.Uma forma diferente de calendário era usada para manter registros de longos períodos de tempo, e para a inscrição da data de calendário (identificando quando um evento aconteceu em relação a outros). Esta forma, conhecida como calendário de contagem longa mesoamericano ou contagem longa, é baseada no número de dias transcorridos desde um ponto inicial mítico De acordo com a correlação entre a contagem longa e os calendários ocidentais aceita pela grande maioria dos pesquisadores maias (conhecida como a correlação GMT), este ponto inicial é equivalente ao dia 11 de agosto de 3114 a.C. no calendário gregoriano proléptico, ou 6 de setembro no calendário juliano (-3113 astronômico). A correlação Goodman-Martinez-Thompson foi escolhida por Thompson em 1935 baseado em correlações anteriores de Joseph Goodman em 1905 (11 de agosto), Juan Martínez Hernández em 1926 (12 de agosto), e John Eric Sydney Thompson em 1927 (13 de agosto).Pela sua natureza linear, a contagem longa podia ser estendida para se referir a qualquer data no futuro ou passado distantes. Este calendário envolvia o uso de um sistema de notação posicional, em que cada posição significava um múltiplo cada vez maior do número de dias. O sistema numérico maia era essencialmente vigesimal (ou seja, tinha base numérica 20), e cada unidade de uma dada posição representava 20 vezes a unidade na posição que a precedia. Uma exceção importante foi feita no valor de segunda ordem, que em vez disto representava 18 × 20, ou 360 dias, mais próximo do ano solar do que seriam 20 × 20 = 400 dias. Deve-se contudo notar que os ciclos da contagem longa eram independentes do ano solar.Muitas inscrições da contagem longa maia são suplementadas com uma série lunar, que fornece informações sobre a fase lunar e posição da Lua em um ciclo semi-anual de lunações.Um ciclo de Vênus com 584 dias também era mantido, e registrava as ascensões heliacais de Vênus como estrela da manhã ou da tarde. Muitos eventos neste ciclo eram vistos como sendo astrologicamente inauspiciosos e perniciosos, e ocasionalmente as guerras eram iniciadas de forma a coincidir com estágios deste ciclo.Outros ciclos, combinações e progressões de calendários menos prevalentes ou mal-compreendidos, também eram seguidos. Uma contagem de 819 dias aparece em algumas poucas inscrições. Conjuntos repetitivos de intervalos de 9 e 13 dias associados com diferentes grupos de deidades, animais e outros conceitos significativos também são conhecidos.


Conceito maia de tempo


Com o desenvolvimento do calendário da contagem longa e sua notação posicional (que se acredita herdada de outras culturas mesoamericanas), os maias tinham um sistema elegante no qual os eventos podiam ser registrados de forma linear uns relativamente aos outros, e também com respeito ao próprio calendário ("tempo linear"). Em teoria, este sistema pode ser estendido para delinear qualquer extensão de tempo desejado, simplesmente aumentando o número de marcadores de maior ordem usados (gerando assim uma sequência crescente de múltiplos de dias, cada dia na sequência identificado univocamente por seu número da contagem longa). Na prática, a maioria das inscrições maias da contagem longa limitam-se em registrar somente os primeiros 5 coeficientes neste sistema (uma contagem b'ak'tun), que era mais do que adequado para expressar qualquer data histórica ou atual (20 b'ak'tuns são equivalentes a cerca de 7885 anos solares). Mesmo assim, existem inscrições que apontavam ou implicavam sequências maiores, indicando que os maias compreendiam bem uma concepção linear do tempo (passado-presente-futuro).Contudo, e em comum com outras sociedades mesoamericanas, a repetição dos vários ciclos calendáricos, os ciclos naturais de fenômenos observáveis, e a recorrência e renovação da imagética de morte-renascimento em suas tradições mitológicas eram influências importantes e ominpresentes nas sociedades maias. Esta visão conceitual, em que a "natureza cíclica" do tempo é destacada, era preeminente, e muitos rituais estavam ligados à conclusão e recorrência dos vários ciclos. Como as configurações particulares do calendário eram novamente repetidas, também o eram as influências "sobrenaturais" a que elas estavam associadas. Desta forma, cada configuração particular do calendário tinha um "caráter" específico, que influenciaria o dia que exibia tal configuração. Divinações poderiam então ser feitas a partir dos augúrios associados com uma certa configuração, uma vez que os eventos em datas futuras seriam sujeitos às mesmas influências conforme as datas correspondentes de ciclos prévios. Eventos e cerimônias eram marcados para coincidir com datas auspiciosas, e evitar as inauspiciosas.O final de ciclos de calendário significativos ("finais de período"), como um ciclo k'atun, geralmente eram marcados pela ereção e dedicação de monumentos específicos (principalmente inscrições em estelas, mas algumas vezes complexos de pirâmides gêmeas como as de Tikal e Yaxha), comemorando o final, acompanhado por cerimônias dedicatórias.Uma interpretação cíclica também é notada nos mitos de criação maias, em que o mundo atual e os humanos nele foram precedidos por outros mundos (de um a cinco outros, dependendo de onde vem a tradição) que foram feitos de várias formas pelos deuses, mas subsequentemente destruídos. O mundo atual teria uma existência tênue, requerendo súplicas e ofertas de sacrifícios periódicos para manter o equilíbrio de existência continuada. Temas similares fazem parte dos mitos de criação de outras sociedades mesoamericanas.

Calendário tzolk'in


O tzolk'in (na ortografia maia moderna , também escrito tzolkin) é o nome comumente empregado pelos estudiosos da civilização maia para o Ciclo Sagrado Maia ou calendário de 260 dias. A palavra tzolk'in é um neologismo cunhado na língua maia iucateque, para significar "contagem de dias". Os vários nomes deste calendário usados pelos povos maias pré-colombianos ainda são debatidos pelos estudiosos. O calendário asteca equivalente foi chamado tonalpohualli, na língua náuatle.O calendário tzolk'in combina vinte nomes de dias com os treze números do ciclo trezena para produzir 260 dias únicos. Ele é usado para determinar o momento de eventos religiosos e cerimoniais e para divinação. Cada dia sucessivo é numerado de 1 a 13 e então começa novamente em 1. Além disso, a cada dia é dado um nome uma lista sequencial de 20 nomes de dias


Origem do Tzolk'in


A origem exata do Tzolk'in não é conhecida, mas existem várias teorias. Uma teoria é que o calendário vem de operações matemáticas baseadas nos números 13 e 20, que eram números importantes para os maias. Os dois números multiplicados um pelo outro dão 260. Outra teoria é que o período de 260 dias vem da duração da gestação humana. Este número é próximo do número médio de dias entre o primeiro período menstrual perdido e o nascimento, diferente da Regra de Naegele, que é de 40 semanas (280 dias) entre a última menstruação e o nascimento. É postulado que as parteiras teriam desenvolvido originalmente este calendário para prever as datas de nascimento dos bebês.Uma terceira teoria vem do entendimento da astronomia, geografia e paleontologia. O calendário mesoamericano provavelmente se originou com os olmecas,em um assentamento que existia em Izapa, no sudeste de Chiapas, México, antes de 1 200 a.C.. Lá, a uma latitude de cerca de 15ºN, o Sol passa pelo zênite duas vezes por ano, e existem 260 dias entre as passagens no zênite, e gnômons (usados geralmente para a observação do percurso do sol e em particular suas passagens pelo zênite) foram encontrados nesse e noutros lugares. O almanaque sagrado pode muito bem ter sido iniciado em 13 de agosto de 1359 a.C, em Izapa. Vincent H. Malmström, um geógrafo que sugeriu este local e data, apresenta suas razões:(1) Astronomicamente, é a única latitude na América do Norte onde um intervalo de 260 dias (a duração do "estranho" almanaque sagrado usado na região em tempos pré-colombianos) pode ser medido entre posições verticais do Sol -- um intervalo que começa no dia 13 de agosto -- o dia que os povos da Mesoamérica acreditavam que o mundo presente foi criado;(2) Historicamente, era o único lugar nesta latitude que era antigo o suficiente para ser o berço do almanaque sagrado, que naquela época (1973) se pensava datar dos séculos IV ou V a.C; e (3) Geograficamente, era o único lugar sobre o paralelo de latitude apropriado que está em um nicho ecológico tropical de terras baixas onde criaturas como jacarés, macacos e iguanas eram nativos -- todos eles usados como nomes de dias no almanaque sagrado.Malmström também oferece fortes argumentos contra duas das explicações anteriores.Uma quarta teoria é a de que o calendário é baseado nas colheitas. Do plantio à colheita há aproximadamente 260 dias.


Haab'


O Haab' era o calendário solar maia composto de dezoito meses de vinte dias cada mais um período de cinco dias ("dias sem nome") no fim do ano conhecidos como Wayeb' (ou Uayeb na ortografia do século XVI). Bricker (1982) estimou que o Haab' foi usado pela primeira vez cerca de 550 a.C. com o ponto de início no solstício de inverno.Os nomes dos meses do Haab' são conhecidos atualmente pelos nomes correspondentes em maia iucateque da eras colonial, conforme transcritos por fontes do século XVI (em particular, Diego de Landa e livros como o Chilam Balam de Chumayel). Análises fonêmicas dos nomes de glifos Haab' em inscrições maias pré-colombianas demonstram que os nomes destes períodos de vinte dias variavam consideravelmente de região para região e de período para período, refletindo diferenças na(s) lingua(s) de básica e usos nas eras Clássica e Pós-clássica predatando seus registros por fontes espanholasCada dia no calendário Haab' era identificado por um número de dia do mês seguido pelo nome do mês. Os números dos dias começam com um glifo traduzido como "assento de" um nome de mês, que é usualmente atribuído como o dia 0 do mês, apesar de uma minoria o tratar como o dia 20 do mês que precede o mês nomeado. No último caso, o "assento de Pop" é o dia 5 de Wayeb'. Para a maioria, o primeiro dia do ano era 0 Pop (o assentamento de Pop). Ele era seguido de 1 Pop, 2 Pop, até 19 Pop, então 0 Wo, 1 Wo, e assim por diante.Como um calendário para manter registro das estações, o Haab' era um pouco impreciso, já que tratava o ano como tendo exatamente 365 dias, e ignorava o excedente de um quarto de dia (aproximado) no ano tropical real. Isto significa que as estações se moviam com respeito ao calendário por um quarto de dia a cada ano, de forma que os meses do calendário com nomes de estações em particular não mais corresponderiam a estas estações após alguns séculos. O Haab' é equivalente ao ano de 365 dias dos antigos egípcios.
Wayeb'Os cinco dias sem nome no fim do calendário, chamados Wayeb', eram dias que se acreditavam perigosos. Foster (2002) escreve que "durante o Wayeb' , os portais entre o reino mortal e o submundo se dissolviam. Nenhum limite impedia que as deidades mal-intencionadas causassem desastres". Para afastar os maus espíritos, os maias tinham costumes e rituais que eram praticadas durante o Wayeb' . Por exemplo, as pessoas evitavam sair de casas e lavar ou pentear o cabelo.

Ciclo de Calendário


Nem o sistema Tzolk'in nem o Haab' numeram os anos. A combinação de uma data Tzolk'in e uma data Haab' era suficiente para identificar uma data para a satisfação da maior parte das pessoas, já que uma combinação destas não se repete antes de 52 anos, muito acima da expectativa de vida geral da época.Estes dois calendários eram baseados em 260 e 365 dias respectivamente, o ciclo completo se repete exatamente a cada 52 anos Haab'. Este período era conhecido como um Ciclo de Calendário. O fim do Ciclo de Calendário era um período de tensão e má sorte entre os maias, eles esperavam para ver se os deuses concederiam outro ciclo de 52 anos.



Ciclo de Vênus
Outro calendário importante para os maias era o ciclo de Vênus. Os maias eram astrônomos hábeis, e podiam calcular o ciclo de Vênus com extrema precisão. Existem seis páginas no Códex de Dresden (um dos códices maias) devotadas ao cálculo preciso da ascensão heliacal de Vênus. Os maias conseguiram atingir tal precisão por observação cuidadosa ao longo de muitos anos. Existem várias teorias sobre porque o ciclo de Vênus era especialmente importante para os maias, incluindo a crença de que estava associado com a guerra e que era usado para adivinhar bons períodos (chamada astrologia eletiva) para coroações e guerras. Os governadores maias planejavam o início das guerras quando Vênus ascendia. Os maias possivelmente também registravam os movimentos de outros planetas, incluindo Marte, Mercúrio, e Júpiter.interligados, suas combinações dando origem a ciclos adicionais mais extensos. Os fundamentos dos calendários maias baseiam-se em um sistema que era de uso comum na região, datando pelo menos do século VI a.C.. Tem muitos aspectos em comum com calendários empregados por outras civilizações mesoamericanas anteriores, como os zapotecas e olmecas, e algumas civilizações suas contemporâneas ou posteriores, como o dos mixtecas e o dos astecas. Apesar de o calendário mesoamericano não ter sido criado pelos maias, as extensões e refinamentos por eles efetuados foram os mais sofisticados. Junto com os dos astecas, os calendários maias são os melhores documentados e compreendidos.Pela tradição da mitologia maia, como está documentado nos registros colonais iucatecas e reconstruído de inscrições do Clássico Tardio e Pós-clássico, a deidade Itzamna é frequentemente creditada como tendo levado o conhecimento do sistema de calendários aos maias ancestrais, junto com a escrita em geral e outros aspectos fundacionais da cultura maia.


O mais importante destes calendários é aquele com período de 260 dias. Este calendário de 260 dias era prevalente em todas as sociedades mesoamericanas, e é de grande antiguidade (quase certamente o mais velho dos calendários). Ainda está em uso em algumas regiões de Oaxaca, e pelas comunidades maias dos planaltos da Guatemala. A versão maia é conhecida pelos estudiosos como tzolkin, ou Tzolk'in na ortografia revisada da Academia de Lenguas Mayas de Guatemala. O tzolkin é combinado com outro calendário de 365 dias (conhecido como haab, ou haab'), para formar um ciclo sincronizado durando 52 haabs, chamado de roda calendárica. Ciclos menores de 13 dias (a trezena) e 20 dias (a vintena) eram componentes importantes dos ciclos tzolkin e haab, respectivamente.Uma forma diferente de calendário era usada para manter registros de longos períodos de tempo, e para a inscrição da data de calendário (identificando quando um evento aconteceu em relação a outros). Esta forma, conhecida como calendário de contagem longa mesoamericano ou contagem longa, é baseada no número de dias transcorridos desde um ponto inicial mítico De acordo com a correlação entre a contagem longa e os calendários ocidentais aceita pela grande maioria dos pesquisadores maias (conhecida como a correlação GMT), este ponto inicial é equivalente ao dia 11 de agosto de 3114 a.C. no calendário gregoriano proléptico, ou 6 de setembro no calendário juliano (-3113 astronômico). A correlação Goodman-Martinez-Thompson foi escolhida por Thompson em 1935 baseado em correlações anteriores de Joseph Goodman em 1905 (11 de agosto), Juan Martínez Hernández em 1926 (12 de agosto), e John Eric Sydney Thompson em 1927 (13 de agosto).Pela sua natureza linear, a contagem longa podia ser estendida para se referir a qualquer data no futuro ou passado distantes. Este calendário envolvia o uso de um sistema de notação posicional, em que cada posição significava um múltiplo cada vez maior do número de dias. O sistema numérico maia era essencialmente vigesimal (ou seja, tinha base numérica 20), e cada unidade de uma dada posição representava 20 vezes a unidade na posição que a precedia. Uma exceção importante foi feita no valor de segunda ordem, que em vez disto representava 18 × 20, ou 360 dias, mais próximo do ano solar do que seriam 20 × 20 = 400 dias. Deve-se contudo notar que os ciclos da contagem longa eram independentes do ano solar.Muitas inscrições da contagem longa maia são suplementadas com uma série lunar, que fornece informações sobre a fase lunar e posição da Lua em um ciclo semi-anual de lunações.Um ciclo de Vênus com 584 dias também era mantido, e registrava as ascensões heliacais de Vênus como estrela da manhã ou da tarde. Muitos eventos neste ciclo eram vistos como sendo astrologicamente inauspiciosos e perniciosos, e ocasionalmente as guerras eram iniciadas de forma a coincidir com estágios deste ciclo.Outros ciclos, combinações e progressões de calendários menos prevalentes ou mal-compreendidos, também eram seguidos. Uma contagem de 819 dias aparece em algumas poucas inscrições. Conjuntos repetitivos de intervalos de 9 e 13 dias associados com diferentes grupos de deidades, animais e outros conceitos significativos também são conhecidos.


Conceito maia de tempo


Com o desenvolvimento do calendário da contagem longa e sua notação posicional (que se acredita herdada de outras culturas mesoamericanas), os maias tinham um sistema elegante no qual os eventos podiam ser registrados de forma linear uns relativamente aos outros, e também com respeito ao próprio calendário ("tempo linear"). Em teoria, este sistema pode ser estendido para delinear qualquer extensão de tempo desejado, simplesmente aumentando o número de marcadores de maior ordem usados (gerando assim uma sequência crescente de múltiplos de dias, cada dia na sequência identificado univocamente por seu número da contagem longa). Na prática, a maioria das inscrições maias da contagem longa limitam-se em registrar somente os primeiros 5 coeficientes neste sistema (uma contagem b'ak'tun), que era mais do que adequado para expressar qualquer data histórica ou atual (20 b'ak'tuns são equivalentes a cerca de 7885 anos solares). Mesmo assim, existem inscrições que apontavam ou implicavam sequências maiores, indicando que os maias compreendiam bem uma concepção linear do tempo (passado-presente-futuro).Contudo, e em comum com outras sociedades mesoamericanas, a repetição dos vários ciclos calendáricos, os ciclos naturais de fenômenos observáveis, e a recorrência e renovação da imagética de morte-renascimento em suas tradições mitológicas eram influências importantes e ominpresentes nas sociedades maias. Esta visão conceitual, em que a "natureza cíclica" do tempo é destacada, era preeminente, e muitos rituais estavam ligados à conclusão e recorrência dos vários ciclos. Como as configurações particulares do calendário eram novamente repetidas, também o eram as influências "sobrenaturais" a que elas estavam associadas. Desta forma, cada configuração particular do calendário tinha um "caráter" específico, que influenciaria o dia que exibia tal configuração. Divinações poderiam então ser feitas a partir dos augúrios associados com uma certa configuração, uma vez que os eventos em datas futuras seriam sujeitos às mesmas influências conforme as datas correspondentes de ciclos prévios. Eventos e cerimônias eram marcados para coincidir com datas auspiciosas, e evitar as inauspiciosas.O final de ciclos de calendário significativos ("finais de período"), como um ciclo k'atun, geralmente eram marcados pela ereção e dedicação de monumentos específicos (principalmente inscrições em estelas, mas algumas vezes complexos de pirâmides gêmeas como as de Tikal e Yaxha), comemorando o final, acompanhado por cerimônias dedicatórias.Uma interpretação cíclica também é notada nos mitos de criação maias, em que o mundo atual e os humanos nele foram precedidos por outros mundos (de um a cinco outros, dependendo de onde vem a tradição) que foram feitos de várias formas pelos deuses, mas subsequentemente destruídos. O mundo atual teria uma existência tênue, requerendo súplicas e ofertas de sacrifícios periódicos para manter o equilíbrio de existência continuada. Temas similares fazem parte dos mitos de criação de outras sociedades mesoamericanas.

Calendário tzolk'in


O tzolk'in (na ortografia maia moderna , também escrito tzolkin) é o nome comumente empregado pelos estudiosos da civilização maia para o Ciclo Sagrado Maia ou calendário de 260 dias. A palavra tzolk'in é um neologismo cunhado na língua maia iucateque, para significar "contagem de dias". Os vários nomes deste calendário usados pelos povos maias pré-colombianos ainda são debatidos pelos estudiosos. O calendário asteca equivalente foi chamado tonalpohualli, na língua náuatle.O calendário tzolk'in combina vinte nomes de dias com os treze números do ciclo trezena para produzir 260 dias únicos. Ele é usado para determinar o momento de eventos religiosos e cerimoniais e para divinação. Cada dia sucessivo é numerado de 1 a 13 e então começa novamente em 1. Além disso, a cada dia é dado um nome uma lista sequencial de 20 nomes de dias


Origem do Tzolk'in


A origem exata do Tzolk'in não é conhecida, mas existem várias teorias. Uma teoria é que o calendário vem de operações matemáticas baseadas nos números 13 e 20, que eram números importantes para os maias. Os dois números multiplicados um pelo outro dão 260. Outra teoria é que o período de 260 dias vem da duração da gestação humana. Este número é próximo do número médio de dias entre o primeiro período menstrual perdido e o nascimento, diferente da Regra de Naegele, que é de 40 semanas (280 dias) entre a última menstruação e o nascimento. É postulado que as parteiras teriam desenvolvido originalmente este calendário para prever as datas de nascimento dos bebês.Uma terceira teoria vem do entendimento da astronomia, geografia e paleontologia. O calendário mesoamericano provavelmente se originou com os olmecas,em um assentamento que existia em Izapa, no sudeste de Chiapas, México, antes de 1 200 a.C.. Lá, a uma latitude de cerca de 15ºN, o Sol passa pelo zênite duas vezes por ano, e existem 260 dias entre as passagens no zênite, e gnômons (usados geralmente para a observação do percurso do sol e em particular suas passagens pelo zênite) foram encontrados nesse e noutros lugares. O almanaque sagrado pode muito bem ter sido iniciado em 13 de agosto de 1359 a.C, em Izapa. Vincent H. Malmström, um geógrafo que sugeriu este local e data, apresenta suas razões:(1) Astronomicamente, é a única latitude na América do Norte onde um intervalo de 260 dias (a duração do "estranho" almanaque sagrado usado na região em tempos pré-colombianos) pode ser medido entre posições verticais do Sol -- um intervalo que começa no dia 13 de agosto -- o dia que os povos da Mesoamérica acreditavam que o mundo presente foi criado;(2) Historicamente, era o único lugar nesta latitude que era antigo o suficiente para ser o berço do almanaque sagrado, que naquela época (1973) se pensava datar dos séculos IV ou V a.C; e (3) Geograficamente, era o único lugar sobre o paralelo de latitude apropriado que está em um nicho ecológico tropical de terras baixas onde criaturas como jacarés, macacos e iguanas eram nativos -- todos eles usados como nomes de dias no almanaque sagrado.Malmström também oferece fortes argumentos contra duas das explicações anteriores.Uma quarta teoria é a de que o calendário é baseado nas colheitas. Do plantio à colheita há aproximadamente 260 dias.


Haab'


O Haab' era o calendário solar maia composto de dezoito meses de vinte dias cada mais um período de cinco dias ("dias sem nome") no fim do ano conhecidos como Wayeb' (ou Uayeb na ortografia do século XVI). Bricker (1982) estimou que o Haab' foi usado pela primeira vez cerca de 550 a.C. com o ponto de início no solstício de inverno.Os nomes dos meses do Haab' são conhecidos atualmente pelos nomes correspondentes em maia iucateque da eras colonial, conforme transcritos por fontes do século XVI (em particular, Diego de Landa e livros como o Chilam Balam de Chumayel). Análises fonêmicas dos nomes de glifos Haab' em inscrições maias pré-colombianas demonstram que os nomes destes períodos de vinte dias variavam consideravelmente de região para região e de período para período, refletindo diferenças na(s) lingua(s) de básica e usos nas eras Clássica e Pós-clássica predatando seus registros por fontes espanholasCada dia no calendário Haab' era identificado por um número de dia do mês seguido pelo nome do mês. Os números dos dias começam com um glifo traduzido como "assento de" um nome de mês, que é usualmente atribuído como o dia 0 do mês, apesar de uma minoria o tratar como o dia 20 do mês que precede o mês nomeado. No último caso, o "assento de Pop" é o dia 5 de Wayeb'. Para a maioria, o primeiro dia do ano era 0 Pop (o assentamento de Pop). Ele era seguido de 1 Pop, 2 Pop, até 19 Pop, então 0 Wo, 1 Wo, e assim por diante.Como um calendário para manter registro das estações, o Haab' era um pouco impreciso, já que tratava o ano como tendo exatamente 365 dias, e ignorava o excedente de um quarto de dia (aproximado) no ano tropical real. Isto significa que as estações se moviam com respeito ao calendário por um quarto de dia a cada ano, de forma que os meses do calendário com nomes de estações em particular não mais corresponderiam a estas estações após alguns séculos. O Haab' é equivalente ao ano de 365 dias dos antigos egípcios.
Wayeb'Os cinco dias sem nome no fim do calendário, chamados Wayeb', eram dias que se acreditavam perigosos. Foster (2002) escreve que "durante o Wayeb' , os portais entre o reino mortal e o submundo se dissolviam. Nenhum limite impedia que as deidades mal-intencionadas causassem desastres". Para afastar os maus espíritos, os maias tinham costumes e rituais que eram praticadas durante o Wayeb' . Por exemplo, as pessoas evitavam sair de casas e lavar ou pentear o cabelo.

Ciclo de Calendário


Nem o sistema Tzolk'in nem o Haab' numeram os anos. A combinação de uma data Tzolk'in e uma data Haab' era suficiente para identificar uma data para a satisfação da maior parte das pessoas, já que uma combinação destas não se repete antes de 52 anos, muito acima da expectativa de vida geral da época.Estes dois calendários eram baseados em 260 e 365 dias respectivamente, o ciclo completo se repete exatamente a cada 52 anos Haab'. Este período era conhecido como um Ciclo de Calendário. O fim do Ciclo de Calendário era um período de tensão e má sorte entre os maias, eles esperavam para ver se os deuses concederiam outro ciclo de 52 anos.



Ciclo de Vênus
Outro calendário importante para os maias era o ciclo de Vênus. Os maias eram astrônomos hábeis, e podiam calcular o ciclo de Vênus com extrema precisão. Existem seis páginas no Códex de Dresden (um dos códices maias) devotadas ao cálculo preciso da ascensão heliacal de Vênus. Os maias conseguiram atingir tal precisão por observação cuidadosa ao longo de muitos anos. Existem várias teorias sobre porque o ciclo de Vênus era especialmente importante para os maias, incluindo a crença de que estava associado com a guerra e que era usado para adivinhar bons períodos (chamada astrologia eletiva) para coroações e guerras. Os governadores maias planejavam o início das guerras quando Vênus ascendia. Os maias possivelmente também registravam os movimentos de outros planetas, incluindo Marte, Mercúrio, e Júpiter.

A Natureza sob as lentes de Valter Patrial






O Amor





O amor, quando se revela, 
Não se sabe revelar. 
Sabe bem olhar p'ra ela, 
Mas não lhe sabe falar. 


Quem quer dizer o que sente 
Não sabe o que há de dizer. 
Fala: parece que mente 
Cala: parece esquecer 


Ah, mas se ela adivinhasse, 
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse 
Pr'a saber que a estão a amar! 


Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente 
Fica sem alma nem fala, 
Fica só, inteiramente! 


Mas se isto puder contar-lhe 
O que não lhe ouso contar, 
Já não terei que falar-lhe 
Porque lhe estou a falar..


Fernando Pessoa

A vida...






A vida é uma escola inesgotável.
A natureza é mestra.
São mestres todos os seres.
 Alguns nos ensinam a paciência, outros a gratidão.
Alguns são mestres em renúncia e sabem conjugar o verbo ajudar de uma forma muito especial.
Aqueles que são espontâneos, que sabem sorrir com facilidade, que explodem em adjetivos pelo sol que nasce, a chuva que cai, a relva que cresce nos ensinam que o espectáculo da vida é inigualável.
Que ela é feita de pequenas coisas que são extremamente importantes.
Basta que saibamos olhar, descobrir, desfrutar.

M.L





O dia mais belo? – Hoje...


A coisa mais fácil?- Equivocar-se…

O maior obstáculo? – Medo…

O maior erro? – Abandonar-se…

A raiz de todos os males? – Egoísmo…

A distração mais bela? – Trabalho…

A pior derrota? – Desalento…

Os maiores professores? – Crianças…

A primeira necessidade? – Comunicar-se…

De mais feliz a se fazer? – Ser útil aos demais…

O maior mistério? – A morte…

O pior defeito? – O mau humor…

A pessoa mais perigosa? – A mentirosa…

O sentimento pior? – O rancor…

O presente mais belo? – O perdão…

O mais imprescindível? – Orar…

O caminho mais rápido? – O correto…

A sensação mais grata? – A paz interior…

A expressão mais eficaz? – O sorriso…

O melhor remédio? – O otimismo…

A maior satisfação? – O dever cumprido…

A força mais potente do universo? – A fé…

As pessoas mais necessárias? – Os pais…

A coisa mais bela de todas? – O amor…

Madre Tereza de Calcutá

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O que seria de mim...





O que seria de mim.
Sem a sensação de saber, que amanhã estarei contigo.
Sem o motivo pelo qual, estou esperando por ti.
Sem o sentimento que sinto, que carrego aqui dentro.
Sem a felicidade que tenho, em sonhar com os teus olhos.
Sem o carinho que mostro, quando estou ao teu lado.
O que seria de mim...o que seria!

Pensando em ti..







Olho através da vidraça…
Lá fora um misto de verde sobressai das árvores e arbustos
Uma onda melancólica toma conta de mim.
Por breves momentos fez-me sonhar.
Penso em ti, no nosso amor tão verde como todo este que aqui vejo.
Sinto-me feliz, dos meus lábios nasce um leve sorriso.
Dois pássaros chilreando esvoaçam de ramo em ramo.
Ai!...Se eu soubesse voar ser tão leve quanto eles, voaria para ti.
Que silencio, a brisa fresca traz-me o cheiro que flúi de todo esse verde.
Fragrâncias diversificadas entre elas o pinho, o eucalipto...
Como desejo ter-te aqui!...Sentir-te ao meu lado...
Olho e vejo um rasgo profundo todo ele ladeado de arbustos e musgos.
É a ribeira que com a força das águas abriu uma brecha no solo.
Tu és a brecha que rasga meu peito e atinge meu coração.
Vejo a água correr suavemente em seu leito deslizando suavemente.
Sinto que tu no teu todo deslizas em todo meu ser.
O sol vem de mansinho… não sei, mas acho-o hoje com um brilho especial.
Não o sinto muito quente, sinto-o sim mais brilhante que nunca.
Será?...Ou é o brilho que existe no meu olhar que me faz vê-lo de forma diferente
Por instantes paro de pensar...
O pensamento por hora terminou. Não será por muito tempo.
Com ele sou feliz, pode parecer pouco.
Não é aquilo que desejo, mas é o que posso ter.
Continuarei pensando em ti,...
Tu fazes parte da minha vida, dia e noite, noite e dia.
Mentiria se dissesse que o pensamento me basta.
Não… não basta. Preciso de mais, quero sentir-te presente.
Sei que isso não é possível, pelo menos de momento.


Daí que me contento com muito pouco.

M.L

Canções





De que são feitos os dias?

- De pequenos desejos,

vagarosas saudades,

silenciosas lembranças.



Entre mágoas sombrias,

momentâneos lampejos:

vagas felicidades,

inactuais esperanças.



De loucuras, de crimes,

de pecados, de glórias

- do medo que encadeia

todas essas mudanças.



Dentro deles vivemos,

dentro deles choramos,

em duros desenlaces

e em sinistras alianças...



Cecília Meireles




Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...

É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...

Fernando Pessoa

Entender o amor...




Tal como a vela cuja chama se torna invisível quando é erguida em direcção ao sol, também o ego se dissolverá perante a força avassaladora do amor.

À semelhança do sabor amargo que se dissipa completamente em contacto com a água, quando for tocada pelo amor a amargura da vida torna-se tão doce como a água mais pura e fresca de uma nascente.

E, tal como a presa devorada por uma ave de rapina, a nossa auto-importância dilui-se no mar do amor que a dissolve.

O poder do amor é o poder da pureza.

O amor, é o que dissolve todas as impurezas deixando apenas o que é verdadeiro e real.

Enquanto tivermos medo não poderemos amar verdadeiramente;
Enquanto tivermos raiva não poderemos amar verdadeiramente;
E, enquanto possuirmos um ego egoísta, também não poderemos amar verdadeiramente.

Não existem pessoas sem amor,
existem pessoas que não conseguem sentir a força do amor.





sábado, 26 de maio de 2012

O Céu...




O Céu...
Amar O Céu...
Amar Aquele imenso Pássaro, esvoaçante. Ora no lar, Ora nas asas. Penicando, Os grãos do abismo. Trazendo no bico, Jardins de Primavera. Coisa impressionante, Será gente, Ou apenas Sombra.
Tenho no pensamento, Algo de Infinito. No Coração, Esperança, até mais não. Da sua Alma compus uma melodia, Nem sei se podia. Coisa rara, Que me embriaga, Estonteante.
Sinto sedas, No meu corpo, De pés de algodão.
O Céu...Amar Coisa Única, Pássaro do destino. Do teu ar Respiro o brilho, De teus olhos Lince. Coisa rara, Tuas penas Beijam os meus lábios, Adormecidos. E, o Dia de Açucena Transborda. Sinto Maio, Florido De aroma Multicolor.
No teu esvoaçar, Emana um odor De Vida, Apaga-se a dor. Espaçando, Véus sucedem, A Tua Dança. Ergo-me no teu ombro, Dançando, Num silêncio escombro.
Coragem, até mais não.
Sorriso no rosto Estampado, Meu amado.

Uma Após Uma as Ondas Apressadas




Uma Após Uma
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.

Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.

Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.

Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Saudade







 Mia Couto
(Excerto)

Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono.

''Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia''




Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Choramos, rimos, cantamos.

Falou-me do seu destino,
Do seu fado...

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhado e lindo.

O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!

Deserto de águas sem fim.

Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...

Ele afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia
De roxo as águas tingia.

«Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
- Ó voz moribunda e doce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .

E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!

António Botto, in 'Canções'

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A primavera em todo o seu esplendor...
















Morrer de Amor




Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti
se for preciso

Maria Teresa Horta, in “Destino”

Cultive a força da tolerância de forma a compreender, aceitar, assumir responsabilidades, ter determinação e melhorar as circunstâncias externas. Então, passe a cultivar a tolerância pela vida, a tolerância por todos os dharmas e a tolerância pelos dharmas não-surgidos de maneira a transformar o cultivo da tolerância em força e sabedoria.

Recomendação Budista



"O homem que vive neste momento, aqui e agora, não está sobrecarregado de passado nem de futuro; não tem nenhum fardo para carregar; movimenta-se sem peso. A gravidade não o afeta. Na realidade, ele não anda, ele voa...tem asas. " 

OSHO




Depus a Máscara




Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

COMPLETAS











A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.


E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.


Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.


Manuel António Pina, in “Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância”

É assim que te quero, amor




É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

Amanhã






Amanhã amanhã amanhã amanhã
Rasteja em passo parco dia a dia
Até a última sílaba do tempo.
E os ontens, todos, só nos alumiam
O fim do pó. Apaga, apaga, vela
Breve!
A vida é só uma sombra móvel.
Pobre ator
Que freme e treme o seu papel no palco
E logo sai de cena. Um conto tonto
Dito por um idiota – som e fúria,signi-
ficando nada.[...]

William Shakespeare,

Ó NOITE, PORQUE HÁS-DE VIR SEMPRE MOLHADA!''




Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada!
Porque não vens de olhos enxutos
e não despes as mãos
de mágoas e de lutos!


Poque hás-de vir semimorta,
com ar macerado e de bruxedo,
e não despes os ritos, o cansaço,
e as lágrimas e os mitos e o medo!


Porque não vens natural
Como um corpo sadio que se entrega,
e não destranças os cabelos,
e não nimbas de luz a tua treva!


Porque hás-de vir com a cor da morte
- se a morte já temos nós!
Porque adormeces os gestos,
porque entristeces os versos,
e nos quebras os membros e a voz!


Porque é que vens adorada
por uma longa procissão de velas,
se eu estou à tua espera em cada estrada,
nu, inteiramente nu,
sem mistérios, sem luas e sem estrelas!


Ó noite eterna e velada,
senhora da tristeza, sê alegria!
Vem de outra maneira ou vai-te embora,
e deixa romper o dia!

Eugènio de Andrade

quarta-feira, 23 de maio de 2012






Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

(Charles Chaplin)





A poesia não se inventou para cantar o amor — que de resto não existia ainda quando os primeiros homens cantaram. 
Ela nasceu com a necessidade de celebrar magnificamente os deuses, e de conservar na memória, pela sedução do ritmo, as leis da tribo. 
A adoração ou captação da divindade e a estabilidade social, eram então os dois altos e únicos cuidados humanos: — e a poesia tendeu sempre, e tenderá constantemente a resumir, nos conceitos mais puros, mais belos e mais concisos, as ideias que estão interessando e conduzindo os homens. 
Se a grande preocupação do nosso tempo fosse o amor — ainda admitiríamos que se arquivasse, por meio das artes da imprensa, cada suspiro de cada Francesca. 
Mas o amor é um sentimento extremamente raro entre as raças velhas e enfraquecidas. 
Os Romeus, as Julietas (para citar só este casal clássico) já não se repetem nem são quase possíveis nas nossas democracias, saturadas de cultura, torturadas pela ansia do bem-estar, cépticas, portanto egoístas, e movidas pelo vapor e pela electricidade. 
Mesmo nos crimes de amor, em que parece reviver, com a sua força primitiva e dominante, a paixão das raças novas, se descobrem logo factores lamentavelmente alheios ao amor, sendo os dois principais aqueles que mais caracterizam o nosso tempo: o interesse e a vaidade. 
Nestas condições, o amor que voltou a ser, como na Grécia, um Cupido pequenino e brincalhão, que esvoaça, surripiando aqui e além um prazer fugitivo — é removido para entre os cuidados subalternos do homem, muito para baixo do dinheiro, muito para baixo da política... É uma ocupação, sem malícia o digo, que se deixa para quando acabar o dia verdadeiro e útil, e com ele os negócios, as ideias, os interesses que prendem. «Já não há hoje nada de produtivo a fazer? Já não há nada de sério em que pensar?... Bem! Então, um pouco de perfume nas mãos, e abra-se a porta ao amor que espera!» A isto está reduzida a Vénus fatal e vencedora! 
Ora quando uma arte teima em exprimir unicamente um sentimento que se tornou secundário nas preocupações do homem — ela própria se torna secundária, pouco atendida e perde a pouco e pouco a simpatia das inteligências. Por isso hoje, tão tenazmente, os editores se recusam a editar, e os leitores se recusam a ler, versos em que só se cante de amor e de rosas. E o artista que não quer ser uma voz clamando no deserto e um papel apodrecendo no armazém, começa a evitar o amor como tema essencial da sua obra. 

Eça de Queirós -  'A Correspondência de Fradique Mendes'

Beijo




Em Latim, beijo significa toque dos lábios. No Ocidente, ele é tido como gesto de afeição. No Brasil, D. João VI introduziu a cerimônia do beija-mão. Em determinados dias, o acesso ao Paço Imperial era liberado a todos que desejassem apresentar alguma reivindicação ao monarca. Em sinal de respeito, tanto os nobres quanto as pessoas mais simples – até mesmo os escravos – beijavam-lhe a mão direita antes de fazer seu pedido. Esse hábito foi mantido por D. Pedro I e D. Pedro II.

Os antropólogos acreditam que o beijo se originou do fato das mães alimentarem seus bebês, da mesma maneira que os pássaros: elas mastigariam o alimento e o passariam para a boca de seu filho. Depois dos bebês aprenderem como ingerir alimentos sólidos, suas mães talvez os beijassem para confortá-los ou demonstrar afeto. O beijo é um comportamento que se aprende, passando de geração para geração. Nós o fazemos porque aprendemos com nossos pais e com a sociedade a nossa volta. Mas em muitas dessas culturas, ninguém havia beijado até os ocidentais introduzirem a prática.

Já outros pesquisadores acreditam que o beijo vem do instinto. Eles citam como exemplo o bonobo(espécie de macaco), que é relativamente próximo aos humanos, para fundamentar essa idéia. Os bonobos se beijam frequentemente. Independentemente do sexo ou status em seu grupo social, eles se beijam para reduzir a tensão depois das disputas, para se acalmarem, para desenvolver vínculos sociais e, às vezes, por nenhuma razão específica. Alguns cientistas acreditam que os beijos dos primatas provam que o desejo de beijar é instintivo.

Outras espécies animais têm comportamentos que lembram o beijo. Alguns mamíferos lambem a face um do outro, pássaros tocam o bico um do outro e as lesmas tocam as antenas umas das outras. Em alguns casos, os animais estão apenas cuidando um do outro e não se beijando, conforme nós, humanos, entendemos. Em outras ocasiões, estão farejando glândulas odoríferas localizadas na face ou na boca. De qualquer forma, quando animais se tocam dessa maneira, estão mostrando sinais de confiança e afeto ou desenvolvendo ligações sociais.



Embora os estudiosos não saibam como nem por que as pessoas começaram a se beijar, eles sabem que o beijo romântico afeta profundamente a maioria das pessoas. O Instituto Kinsey descreve a resposta de uma pessoa ao beijo como uma combinação dos três fatores a seguir:

 - Sua reação depende do seu estado emocional e de como você se sente com relação à pessoa que estiver beijando. Sob o aspecto psicológico, beijar alguém que você deseja estimula sentimentos de vínculo e afeto.Mas, se está beijando alguém de quem você não gosta, ou se for beijado contra a sua vontade, sua resposta será completamente diferente;

- Seu corpo reage fisicamente ao fato de ser beijado. A maior parte das pessoas gosta de ser tocada e isso é parte da sua resposta corporal ao beijo. Mas o beijo afeta também todo o corpo, desde o fluxo sanguíneo até o seu cérebro.

- A cultura na qual você foi criado tem papel muito importante sobre o que você sente em relação ao beijo. Na maior parte das sociedades ocidentais, as pessoas estão condicionadas ao beijo. O comportamento das pessoas à sua volta, as imagens da mídia e outros fatores sociais podem afetar dramaticamente a maneira como você reage quando é beijado.

Esses fatores têm função em todos as espécies de beijo e não apenas nos românticos. Em outras palavras, quando uma mãe beija o machucado de seu filho para que ele se sinta melhor, os fatores psicológicos, biológicos e sociais desempenham um papel nas reações de ambos. A mesma coisa é válida quando amigos se beijam num cumprimento, quando religiosos beijam seus símbolos ou quando irmãos se beijam e fazem as pazes após uma discussão. Embora alguns beijos sejam platônicos e outros sejam românticos, eles geralmente têm uma coisa em comum, ou seja, são inspirados por sentimentos positivos e tendem a inspirar estes mesmos sentimentos.