domingo, 5 de fevereiro de 2012


NALDOVELHO

Todos os dias, já faz tempo,

caminho pelas ruas

em busca de encontrar coisas

interessantes de se ter.

Algumas, guardo em meu quarto

para que em noites de solidão

possam me entreter;

outras, transformo em poemas.

Por isto trago sempre comigo

carícias que me sirvam de abrigo,

quantidades enormes de luas cheias,

cantigas ensinadas pelas sereias,

madrugadas molhadas de orvalho,

caminhos, trilhas, atalhos,

esquinas de ousadia e desassossego,

lembranças de colos e aconchegos,

sementes enxertadas de sonhos,

melodias que eu mesmo componho,

palavras inquietas e estranhas,

uma nostalgia que assedia e arranha,

águas revoltas de início de outono,

uma leve impressão de abandono,

manhãs frias e preguiçosas de inverno,

a esperança que eu prezo e conservo,

essência de alfazema que espalho pela casa,

uma vontade absurda que fortalece minhas asas,

e uma quantidade não inventariada de espinhos.

Hoje, já nem são tantos,

posto que os versos que eu ouso

a maioria dissolveu.

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