terça-feira, 7 de agosto de 2012

Soneto da perdida esperança




Carlos Drummond de Andrade 


Perdi o bonde e a esperança
Volto pálido para casa.

A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
porque não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.

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