sábado, 5 de outubro de 2013





Vieste falar-me de saudade Hoje à noitinha. Vagueavas nos meus sonhos! Entraste sem pedir, nem precisas...! Vieste de mansinho cobrir-me de carinho desenhar no meu corpo o teu desejo! Com pétalas de flores tão puras como o nosso amor, pintaste a minha alma de cores, as cores do arco íris. Dançamos num céu de estrelas cintilantes, feito só para nós! Amaste-me como sempre me amas, com amor...

M.L

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Tive um coração perdi-o




Tive um coração perdi-o
Ai quem mo dera encontrar
Preso no fundo do rio
Ou afogado no mar
*
Quem me dera ir embora
Ir embora sem voltar
A morte que me namora
Já me pode vir buscar
*
Tive um coração perdi-o
Ainda o vou encontrar
Preso no fundo do rio
Ou afogado no mar

Amália Rodrigues



XIV

Aceito
sem desdém
dualidades no olhar…

Porém;

Respeito
não tem hora.
É hora
de largar
o preconceito
e ser diferente,
respeitar agora
a toda a hora,
a toda a gente.

(Mário Cerro da Costa)

terça-feira, 10 de setembro de 2013




 SOFIA VALADARES

Palavras expressam sentimentos
de um olhar distante
sobre outras realidades.

Realidades que envolvem
e penetram a minha essência. 

Realidades ocultas,
ausentes à minha alma…
no entanto, que me pertencem interiormente
quando em cada palavra
coloco o brilho:
a chama que as faz renascer.



Tirei ar do vento
sal do mar
brilho do sol

misturei
agitei
criei sonhos virtuais
construí ilusões

caminhando cresci
sofri
amei
vivi

numa liberdade
encontrei prisão
desilusão na felicidade

resta areia entre dedos
amargura
na solidão.

Emilio Casanova, in " Na Espuma das Palavras "


Cúmplices 
quando se sente parte da alma
em conivência
sem conseguir compreender...

e há tanto tempo !

estranha-se
quanto mais se entranha
se interroga
se recolhe...

porquê… porquê...
esta busca permanente
tenta-se compreender
se conhecer...

desde a adolescência
se percebe
a constante mudança
sem definição
exceto para algo
sem conseguir entender

desconstrução torna-se necessária
na busca da compreensão do inatingível
da não resposta

e eis que surge a cumplicidade irreal
a similitude de pensamentos...
sensações...desejos...fantasias…

quanto mais se penetra no Eu
mais profunda se torna a sombra
quem somos...
donde viemos...
para onde vamos...

Emilio Casanova

NOCTURNO



Trouxe-te a noite mais uma vez amor, 
Trouxe-te a noite mais uma vez aos meus sonhos,
Trouxe-te a noite mais uma vez aos meus braços
Num tão demorado abraço com jardins de camélias
De cetim, de bocas abertas rubras e ardentes
E as pétalas todas a entornarem mel
Sobre os nossos corpos pedintes e gementes,
Perfumados com as essências mais delicadas
Do rosmaninho, das saudades e dos lírios em flor.
Só flores roxas. A minha cor. A cor da dor, da dor do amor.
Sabíamos os dois que desta vez o nosso abraço
Não queria só um abraço. E houve um beijo.
Aquele beijo demorado, sussurrado,
Quase nu de palavras, que só permitia silêncios
E olhares afundados, extasiados, ancorados
Em mares nunca antes por nós navegados.
Os meus olhos vinham-me dizendo, faz tempo,
Que ficariam cegos se não olhassem os teus olhos,
Como se fossem searas imaturas de pão
A precisarem do sol doirado e intenso do verão.
E os teus olhos eram dois sóis escaldantes
E profundos e os meus olhos, as searas verdes do trigo
A quererem ficar maduras e prontas para a ceifa.
E deixámos que eles se conhecessem, falassem,
Libertassem e gritassem uma alegria que andava contida
Até ficarem mudos de tantas verdades antes escondidas.
E, em olhares presos com amarras, num silêncio
Que dizia tudo, eles disseram a nossa verdade,
A nossa realidade. E nós dois, perdidos no tempo
Que estava a nosso favor, bebemos um do outro
Todo o néctar que estava em nós guardado
E saciámos nele toda a nossa sede de aromas puros.
Era tanta a seiva de Primaveras infinitas julgadas extintas,
Que tínhamos em nós guardadas. Os meus olhos
Entornavam lágrimas grossas de felicidade inteira
Que tu bebias até à última gota
Como se quisesses lavar as minhas feridas todas.
E continuámos abraçados e eu beijava-te,
Beijava-te, beijava-te sem parar
Os teus olhos encostados, o teu peito todo aberto para mim
E a tua boca onde a minha, ajoelhada, só queria rezar
A pedir que tudo não fosse um sonho.
Tinha medo! Medo de acordar! Tu eras para mim
O meu amor erguido das ruínas de castelos desmoronados
De onde eu milagrosamente, com vida, tinha escapado.
E sussurrava-te tantas e tantas vezes ao ouvido
Até que a tua boca caiu na minha boca a calá-la
Num beijo, agora embriagado com os matizes de sonho
De um sol de entardecer, cheio de brilhos da cor do fogo,
Meu amor, meu amor já feito flor, meu amor …
E adormecemos os dois com os braços enleados,
E adormeceu também a noite na madrugada
Que acordou com o alvoroço da Natureza a cantar,
E eu acordei com ela e vi que não estavas ali
E comecei a sangrar em prantos agudos
Que eu canto… que eu não paro de cantar para ti.
E onde estiveres, se me ouvires eu te peço,
Por favor, tira-me daqui!...

Margarida Sorri
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