Há tanta serenidade nesses teus olhos e, no entanto, quantas tempestades eles não escondem!
Provavelmente é essa cor desassossegada do teu olhar, que me deixa cativo, rendido e eternamente teu.
Já as tas mãos, são remos que levam até outras margens, percorrendo rios que só o meu coração conhece, e onde me deito esperando, sôfrego, por um bocadinho de ti, quando não te dás inteira.
Enfeitiçaste-me logo da primeira vez que o teu olhar mergulhou no meu e a minha boca quase se afogou na tua.
Não é à toa que te chamam feiticeira.
Não é à toa que cheiras a rosmaninho e a ervas raras…
Não é a toa que se sigo, para onde quer que vás e te espero, impaciente, quando demoras nessas tuas viagens que fazes dentro de ti, deixando-me indefeso, quase menino…
Um dia, disseste-me, em silêncio, só com a luz dos teus olhos, o quanto me querias.
E foi nesse dia, que percebi que os teus olhos, esses olhos que me enfeitiçaram, não são mais, do que dois pedacinhos da tua alma…
Como pode a tua alma ser visível, perfumada e brilhante?
E eu, como posso eu deixar de querer morrer nos teus braços, se é neles que renasço quando o teu corpo repousa ao meu?
Como posso eu merecer-te se não és nem de mim, nem de ninguém?
Como posso eu morar em ti, feiticeira, se a tua alma não tem poiso, nem moradia?
Como podes tu querer este teu escravo, que a única coisa que tem de seu, é este amor por ti e que me consome?
Como pode, feiticeira?
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