As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
AO VER-TE
Ao ver-te
Fiz reverso o universo todo
Apenas para que não te assustasses
Ao contemplares,
No espelho do firmamento,
A imagem invertida de tua face.
Ao ver-te,
Fiz-me aurora eclipsada do agora.
Voz vibrante que silencia ofegante.
Fiz-me flor, dor,
Pequenino ardor de anelo.
Fiz-me aveludada ternura que pouco perdura,
Mas que renasce ao ver o inflar,
De par em par,
Dos teus pulmões de amar.
Ao ver-te,
Embora bem de longe veja,
Fiz-me espera,
Esperançosa era,
Espessa ousadia de sonhar sentir-te, tocar-te,
Içar-te de ti a fartar-te de mim.
Ao ver-te, enfim,
Fiz da vida o que pude:
Solidão, ilusão, vã latitude.
Mas fiz um peito cálido e amante
Deste meu peito de tristeza rude.
Nara Rúbia Ribeiro
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