As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Lisboa
Torquato da Luz
Nada sabes de mim e no entanto eu amo-te
pássaro inquieto e frágil que descansas
sob a janela do meu tédio.
Podia debruçar-me e súbito falar-te
mas ignoro as palavras necessárias:
estou aqui de passagem e não trago
outra bagagem que não seja o espanto
incrédulo de amar-te.
E por mais que te afastes e eu fique apenas
a contas com a dor do abandono
sei que não vai ser fácil esquecer-te
e ao cântico feliz de fim de tarde
da tua comunhão com as gaivotas.
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