terça-feira, 11 de setembro de 2012



... o oleiro ...

Pablo Neruda

"... como é que imaginas ? eu imagino muito... e sonho muito, mas tenho a certeza que o facto de poder tocar ( apetece-me tanto tocar-te a face ), pode olhar-te, poder sentir o teu toque, seria sempre superio
r ao que eu sonho ou imagino...fazer-te sentir o meu toque, passar as mãos por ti qual oleiro, sentir que havia em todo o teu corpo uma taça ou doçura a mim destinada..."


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Há em todo o teu corpo
uma taça ou doçura a mim destinada.

Quando levanto a mão
encontro em cada lugar uma pomba
que andava à minha procura, como
se te houvessem, meu amor, feito de argila
para as minhas mãos de oleiro.

Os teus joelhos, os teus seios,
a tua cintura,
faltam em mim como no côncavo
duma terra sedenta
a que retiraram
uma forma,
e, juntos,
estamos completos como um só rio,
como um só areal.

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