segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Crepúsculo




Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes 
Batendo as asas leves, irisadas, 
Poisam nos meus, suaves e cansadas 
Como em dois lírios roxos e dolentes... 

E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E as minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes...

O Silêncio abre as mãos... entorna rosas...
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando...

E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente palpitando...

___Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade" 

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