quinta-feira, 13 de dezembro de 2012





Ultrapasso fronteiras, mares e desertos, insanamente entro no espaço-tempo e consumo a essência do perfume das últimas flores. Caminho despido de mim como uma escultura fria porque deixei nos esteiros do teu corpo o sentido do tempo; sinto ainda nos pés a areia doída e guardo nas mãos a poeira fina da tua silhueta. Serão sempre tuas as palavras que não escrevo contrariando a erosão dos dias e a solidão das noites. Sabes, adivinho-te os gritos surdos e o verbo imperfeito que acontece na tua cama onde há um oásis por nascer. Sente-se o desassossego por detrás do pano branco que cobre a janela na manhã que se reinicia ciclicamente no apagar das luzes. Recuso-me olhar e mordo as palavras à saída dos lábios. Caminho despido de mim mas aguardo-te na próxima rua.

 francisco valverde arsénio
 

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