Tua lembrança nasce em mim, digamos,
como uma flor de junho: úmida, fria,
curvada ao vento e à melancolia
do que vivemos.Mais: do que deixamos
de viver ( penso nisso, assim, digamos,
mordido de remorsos). Quem diria
que virão tão rápido este dia
em que eu veria que passei, passamos?
Flor de junho...Essa história, outras histórias,
por quanto ainda, assim, dessas memórias
suportarei? E o corvo Nunca Mais
me pousa no ombro. E, vendo a comoção
lavrando-me, me afaga e me diz; "Não
há de ser nada - amanhã tem mais."
Ruy Espinheira Filho
In Poesia Reunida e Inéditos
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