As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
CASIMIRO DE BRITO, in AMAR A VIDA INTEIRA
Fui jovem nas danças quando nos teus braços
respirei, no doce vazio que me deixava
entrar. E cantei. Não fales,
não digas nada se te resta algum segredo
na boca. Deixa-me ser triste,
a tristeza enrouquece-me e já não sei
se o amor é possível ou já caído.
Fui jovem nas danças.
Não digas nada, se acaso te resta
algum sabor nas bocas mais íntimas
do corpo. Deixa-me respirar
a flor efémera que nada sabe
do seu mistério.
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