As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
terça-feira, 12 de junho de 2012
O FEITIÇO DA NOSTALGIA
Passo pelas lágrimas e seco os caminhos que esperam os versos soltos na Lua.
Assemelham-se à minha vontade de arrancar à força a árvore cansada de Lua Cheia,
e encontro no mar a meada que me invoca o cabelo num arroubo de nostalgia.
Explode a raiz das gotas que se alinham, e seguro-as para lavar a alma.
Entopem-se as veias de clamores, jorrando lamentos nas águas salgadas de todos os
feitiços, sufocando o rasto da tímida madrugada.
Neste incerto conflito, sou a palma e a sombra no ângulo da hipotenusa que descai o dia,
tentando enlear-se na noite insegura.
Adormeço no velho livro vencida de clausura, que é o meu vestido de mariposa, completa
metamorfose que antes era larva sem grilhões de estandarte.
Talvez um dia me sente no lago sereno e me reveja por instantes no banco forrado de
vermelhos lilases com riscas poéticas e uma apocalíptica vereda que é a sensação da
espera.
.
Eduarda
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