As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
quinta-feira, 14 de março de 2013
O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..
Fernando Pessoa
que faria agora se
estivesses na minha intimidade
só...com tua pele e tua roupa
não sei por onde começaria
talvez por beijar tua boca
apertar tua cintura
deixar minha mãos correr
numa louca ansiosa procura
pelo teu universo
para sentir nascer a fonte
desse prazer que anseio
talvez morder tua língua
ou quem sabe
teus lábios
ou teu pescoço
lambendo tuas orelhas
ah! mas não esqueceria teus seios
seus bicos duros
morderia como amendoim doce
numa saliva de mel
com sabor de amor...
não sei por onde começaria
mas de certeza que te despiria
para nosso conforto...
emilio casanova, in "No jardim dos deuses"
Há tantas histórias de amor,
Que não foram escritas no céu…
Tal como há sentires perenes,
Tão breves como um fado,
Chorado...
É por isso que já não há Primaveras nos teus dedos
Nem manhãs ensolaradas nos teus lábios.
Apenas saudades,
Dedilhadas, nas cordas de uma guitarra,
Que chora…
E o fado, amargurado,
Soluçado,
Ergue-se na tua voz
Qual poeta amordaçado.
Já não há Primaveras nos teus dedos
Nem manhãs ensolaradas nos teus lábios.
Resta-te este triste fado,
Dedilhado,
Mal tratado,
Companheiro,
Tão amado,
Nas cordas de uma guitarra…
Magnólia
Palavras e sentimentos
O poeta d’amor é sonhador
Pensa, sente e faz sonhar
Sente emoções e vive-as
Umas vezes a sorrir feliz
Outras, amargurado a chorar
Uns tristes outros risonhos
Escrevendo o amor e a dor
Com a sua própria cor
Andarilho desta vida
As emoções vai sentindo
Não vive tudo o que escreve
Mas só, escrevendo é feliz
Os sonhos comandam a vida
Suavizam-lhe o caminho
Ter um sonho é ir vivendo
Não tê-lo é viver sozinho
Catarina (Pinto) Bastos
O TEU CHEIRO COM O MEU
O teu cheiro com o meu
E a minha pele com a tua...
Nossos intensos desejos
Em que eu e tu somos nós
E nesse amor tão sentido
Tão plenamente vivido
Nossos corpos envolvidos
Fundem-se numa pele só
Ficamos juntos num corpo
Do eu e teu… apenas um
A nossa alma desnuda -se
Num enleio que é divino
Abraçados com carinho
Doces e belos momentos
Partilhados com ternura
Das nossas peles tão nuas.
© Catarina Pinto Bastos
quarta-feira, 13 de março de 2013
Momentos de Amor e Vida
Doce calma que neste dia nos afaga
Com uma suavidade tal que nos inebria
Prolonga num abraço a ternura trocada
Do teu amor que é parte da minha vida
De uma noite sonhada e realizada
Calor e amor intensamente vivido
Lindo e sensual, num doce desvario
Amor dado e recebido, tão sentido
Paixão com carinho e exaltação
Corpos nus nadando em ternura
De amor saboreado e muito amado
Volúpia de amor numa doce loucura
O amor é sempre presente e dádiva
Amor só com amor…correspondido
Cumplicidade plena e compartilhada
Viagem ao Paraíso pelos dois desejada
Que fica apenas numa só transformada
De peles unidas e de cheiros irmanados
De sal, saliva e seiva, em êxtase derramado
Quando a vida eclode, nesta doce jornada
Catarina Bastos
Vem…
Aninha-te nos meus braços
como dantes fazias…e gostavas
Dormias e sonhavas, a mim abraçado…
e acordavas renovadoA sentires-te como um adolescente
e ao sorrires feliz novamente, crê
que voltará a paz e o esquecimento
e amarás a vida docemente.
Catarina Pinto Bastos
VIII
Não digas: “o mundo é belo”.
Quando foi que viste o mundo?
Não digas: “o amor é triste”.
Que é que tu conheces do amor?
Não digas: “a vida é rápida”.
Como foi que mediste a vida?
Não digas: “eu sofro”.
Que é que dentro de ti és tu?
Que foi que te ensinaram
Que era sofrer?
Cecília Meireles
In: Cânticos
XIII
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro.
Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles
In: Cânticos
''UMA CANÇÃO''
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
Mario Quintana
de Apontamentos de História Sobrenatural
LXXV 'Das confidencias'
Quiseste expor teu coração a nu...
E assim, ouvi-lhe todo o amoroso enleio
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como é ridículo o amor... alheio...
Mario Quintana
In: Espelho Mágico
terça-feira, 12 de março de 2013
NÓS MULHERES
Nada mais contraditório do que ser mulher
Mulher que pensa com o coração,
age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções num só dia
e transmite cada uma delas, num único olhar.
Nós as mulheres
Tão suberanas amantes da vida
Tão guerreiras lutadoras
Para ter uma luta vencida,
Galgamos cada degrau do dia a dia
Seja de noite ou de dia
Não só é a professora dedicada
Mas também advogada
E vem a astronauta com a sua ousadia.
Que importa a profissão
Somos nós as mulheres declamando a união.
Olhando ao distante entre a porta semi-aberta
A prole minguando, decaída,
Longe do fogão, a vida desperta,
No livro, a força da alforria,
Nós as mulheres
Executiva, lixeira, e guerreira
Militar, médica e poetisa
Até a mecânica ou ferreira
Também a costureira e a da limpeza
Pinta a tela, baila, e profetisa!
Nós mulheres
Choramos, sorrimos, reivindicamos
Abraçamos nossos ideais, lema...
O sonho? Ah, viaja e encontramos
No poetar as estrelas um poema
No real pé no chão sem dilema,
Não apagamos a essência mulher
Mãe dedicada, amante, companheira
Unindo alegria sem a lágrima abster
Ousamos, levamos além, a bandeira
Da paz, sem guerra além fronteira
Nós as mulheres...
Estamos aqui!
Sonia Pinto
DOCE OLHAR
De olhos doces
E com um sorriso encantador
Surges nos meus diários pensamentos
Trazendo-me à vida um novo sabor..
De alma delicada
E com um coração sedutor
Surges como uma fada encantada
Perfumando o meu mundo com a tua dócil cor
Surgiste num lindo sonho
E com o teu carinho me despertas-te
Presenteaste-me com a tua ternura
E num desejo te tornas-te…
Como num conto encantado
A tua presença é pura magia
De sonhador passei a apaixonado
E a viver na mais densa fantasia..
Valdo
O Homem e a Mulher
(Victor Hugo 1801-1885)
O homem é a mais elevada das criaturas,
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono;
para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração.
O cérebro produz luz; o coração o amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é um génio; a mulher um anjo.
O génio é imensurável; o anjo indefinivel.
A aspiração do homem é a suprema glória;
A aspiração da mulher a virtude extrema.
A glória traduz grandeza;
a virtude traduz divindade.
O homem tem a supremacia;
a mulher a preferência.
A supremacia representa força;
a preferência o direito.
O homem é forte pela razão;
a mulher invencivel pela lágrima.
A razão convence; a lágrima comove.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
a mulher de todos os martirios.
O heroismo enobrece; o martirio sublima.
O homem é o código; a mulher o evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher um sacrário.
Ante o templo, nós nos descobrimos;
ante o sacrário, ajoelhamo-nos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter cérebro;
sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher um lago.
O oceano tem pérola que o embeleza;
o lago tem a poesia que o deslumbra.
O homem é uma águia que voa;
a mulher um rouxinol que canta.
Voar é dominar os espeços;
cantar é conquistar a alma.
O homem tem um farol: a consciência.
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O farol guia e a esperança salva.
Enfim...
O homem está colocado onde termina a terra;
a mulher onde começa o céu...
A palavra impossível
Adolfo Casais Monteiro
Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim
A vida que não se troca por palavras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
As vozes que só em mim são verdadeiras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
A impossível palavra da verdade.
Deram-me o silêncio como uma palavra impossível,
Nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível,
Para eu guardar dentro de mim,
Para eu ignorar dentro de mim
A única palavra sem disfarce -
A Palavra que nunca se profere.
Era-me Primavera o corpo,
Flores e borboletas de cor,
Floresciam-me na pele,
Como se terra virgem fosse,
Ventre púbere de desejo,
Semente diáfana de alma,
O arado de tuas mãos,
Abriram socalcos de doçura,
E a pétalas do amor perfeito,
Brotavam aveludadas,
Nos regos de tua nascente,
De água pura e perfumada,
Libertei-me-te…
Amei-te em flor,
Como se fosses o primeiro luar,
Como se fosses o primeiro acordar,
Como se fosses a primeira vez,
Dentro de uma vida sem primavera,
Meu corpo floresceu,
Nos teus beijos favos de mel,
Nos teus abraços seguros de abrigo,
Na tua seiva que me alagava,
Fui-te flor… borboleta-amante,
Profunda e intensa primavera
C.C.
FICA COMIGO ESTA NOITE
Clara Maria Barata
Fica comigo esta noite
deixa que amanheça nos teus braços
embalada pelo rumor das tuas águas
abraça-me devagar
sem tempo
desenha com a tua boca o contorno do meu corpo
grava em mim o sabor deste momento
numa linguagem de beijos e suor
não me olhes
na ausência dos barcos que partiram
e talharam na memória não mais que um adeus
fica comigo esta noite
desvenda essa luz que a treva esconde
cala a urgência dos beijos que não demos
não perguntes quanto tempo dura a eternidade.
"Não foi fácil, mas sempre estive sorrindo...
Ainda que por dentro fosse tristeza.
Não tenho raiva e nem desejo o mau.
Longe disso, que sejam todos felizes.
Tenho mágoas, muitas, na verdade.
Mas repito para mim mesmo,
todas as vezes que lembro delas,
com um sorriso do coração:
Eu sou melhor que isso."
Allax Garcia
segunda-feira, 11 de março de 2013
MOMENTOS
A vida é feita de momentos, todos juntos fazem o filme de uma vida.
Apetece-me apenas falar dos momentos maravilhosos, das horas que queremos parar quando eles acontecem. Quero ter presente os arrepios, os sorrisos, as sensações, os cheiros que ficam desses momentos. Retenho-me nas imagens, nas palavras, nos olhares, nos sabores. Permaneço no teu corpo, nas danças, nas músicas, nos sonhos. Revisito as inquietações, as insónias, as esperas e as ansiedades de voltar para ti. Apetece-me perder-me nesses momentos bons, nas mãos, na pele com pele, no ombro, no peito, no corpo a vibrar. Sorrio nas imagens que ficam, no sol, na luz e no coração a mil. E, neste momento, apetece-me voar, saltar, fazer parte do Arco-Iris e dançar, dançar.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que revoltam contra a escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
CARLOS MARIGHELA
MULHER E ESTAÇÕES
Ausculto-te,
Alma feminina
Som, imagem,palavra
Essencialidade que se faz
Construo-te em versos
Alquimicamente sentidos
Desvendando-te
Na nudez das estações
Vens em tempos de sol
Laranjas-verão,vermelhos-sedução
Em arroubos de paixão teu ventre se faz casulo
Expansão cósmica onde, antes,
Semente,
Agora,
Fruto do amor, reflexo, coração
Vens em tempos de outono,
Abril despedaçado,
Folhas no chão, ferrugem na cor,
Aprendiz da lua
Dores frias, revoluções
Fotografias turvas dos preconceitos sobre ti
Vens no inverno do tempo
Aconchego em teu regaço
Caldo de afetos, torrentes de beijos
Vens entre o sol e o crepúsculo
Em águas da chuva
Em chuvas-de-prata
Vens em primavera, explosão em pólen
Fulgurante, azul colbato
Rosa, flor-de-liz, Amarílis
Acácias e glicínias
Masculinas fantasias
Fêmea e mater
Amada, desamada
Delicada, apaixonada
Vens ser o ventre e a semente
Vens amar e transformar o mundo nas estações
da terra!
Celeste Fontana 08\03\2013
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