As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
A lagrima que se acumula...
A lagrima que se acumula e tolda momentaneamente a vida
é apenas um pétala dessa grande arvore submersa
onde estão tempos, figuras, palavras ditas e ouvidas,
gestos, esforços, renuncias, insônias, misericórdias.
O suspiro é uma brisa paciente que deixa cair tudo isso
ai! que deixa cair tudo isso em grandes vales de silencio.
Outras lagrimas se sucedem, nessas tristes, intermináveis primaveras.
E assim vamos, até a morte, sem esquecimento possível,
e só valemos pela posição que ocupamos nesse fantástico espetáculo.
Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)
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