domingo, 17 de junho de 2012




Tiro a alma do seu estojo de nuvem,
ponho-a no tabuleiro celeste,
e levo-a à cama, onde me esperas,
para um pequeno-almoço divino.

Com os teus dedos de ninfa,
destapas o lençol de relva,
e deitas-me ao teu lado,
na terra quente do quarto.

Dividimos a alma, um pedaço
para cada um, e bebemos
o leite de nuvem, ouvindo
um bater de asas invisíveis.

Depois, arrumamos o tabuleiro
voltamos a pôr a relva no sítio,
e esperamos que a alma nos
encha, ouvindo cair as aves.

Nuno Judice

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