terça-feira, 20 de março de 2012

Tu és o resultado de ti mesmo



  Não culpes a nada, nunca te queixes de nada nem de ninguém, porque fundamentalmente tu tens feito tua vida.
Aceita a responsabilidade de edificar a ti mesmo e o valor de acusar-te no fracasso para voltar a c...
omeçar;
corrigindo-te, o triunfo do verdadeiro homem emerge das cinzas do erro.
Nunca te queixes do meio ou dos que te rodeiam, há em teu meio, aqueles que souberam vencer, as circunstâncias
são boas ou más segundo a vontade ou fortaleza de teu coração.
Aprende a converter toda situação difícil em uma arma para brigar.
Não te queixes de tua pobreza, de tua solidão ou de tua sorte, enfrenta com valor e aceita que de um outra maneira,
tudo dependerá de ti; não te amargures com teu próprio fracasso, nem culpes a ninguém por isso, aceita agora ou seguirás
justificando-te como um menino, relembra que qualquer momento é bom para começar e que nenhum é tão terrível para claudicar.
Pare já de enganar-se, és a causa de ti mesmo, de tua necessidade, de tua dor, de teu fracasso.
Se, tu tens sido o ignorante, o irresponsável, tu, unicamente tu, ninguém pode haver feito por ti.
Não esqueças que a causa de teu presente é teu passado, como a causa de teu futuro é teu presente.
Aprende com os fortes, os audazes, imita aos enérgicos, aos vencedores, aos que não aceitam situações, aos que venceram apesar de tudo.
Pensa menos em teus problemas e mais em teu trabalho e teus problemas sem alimento morrerão.
Aprende a nascer desde a dor e a ser maior, que o maior dos obstáculos.
Veja-te no espelho de ti mesmo.
Começa a ser sincero contigo mesmo. Reconhecendo-te pelo teu valor, pela tua vontade e por tua fragilidade para justificar-te.
Recogió-te dentro de ti mesmo, mais livre e forte, deixarás de ser um boneco das circunstâncias, porque
teu mesmo és responsável cabelo teu destino
E nada pode substituir-te na construção de teu destino.
Levanta-te olha as manhãs e respira a luz do amanhecer.
Tua és parte dá força dá vida.
Agora desperta, caminha, luta.
Decide-te e triunfarás na vida
Nunca penses na sorte, porque a sorte é o pretexto dos fracassados.

PABLO NERUDA

Primavera



Cecília Meireles


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

AMOR (FEITO) PERFEITO

FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO 
 


Na minha pele
... deambulam os fluidos
do teu amor em ardência.
Sôfrega,
a tua boca provoca.
Rompes os limites
dos segredos
e livras-te dos grilhões do silêncio.
Trazes vento
em cada poro soprado
por mil quereres,
cerras os olhos
e secas os lábios nos meus lábios.
Dedilho a geografia nua
nesse corpo eloquente
e pedes-me
que te escreva um poema,
que te faça mulher.
Segredas-me os versos,
as estrofes,
as madrugadas que nascem
numa noite de primavera.
Cravas as unhas
no branco dos lençóis
quando suspiramos a uma só voz.
Os anjos rendem-se na perfeição do instante.

A ARTE DE SER AMADA

NATÁLIA CORREIA, in O VINHO E A LIRA 
 


Eu sou líquida mas recolhida
... no íntimo estanho de uma jarra
e em tua boca um clavicórdio
quer recordar-me que sou ária

aérea vária porém sentada
perfil que os flamingos voaram.
Pelos canteiros eu conto os gerânios
de uns tantos anos que nos separam.

Teu amor de planta submarina
procura um húmido lugar
Subitamente preencho a piscina
que te dê o hábito de afogar.

Do que não viste a minha idade
te inquieta como a ciência
do mundo ser muito velho
três vezes por mim rodeado
sem saber da tua existência

Pensas-me a ilha e me sitias
de violinos por todos os lados
e em tua pele o que eu respiro
é um ar de frutos sossegados.

SETE SONETOS E UM QUARTO

MANUEL ALEGRE

 
 

 Gostava de morar na tua pele
... desintegrar-me em ti e reintegrar-me
não este exílio escrito no papel
por não poder ser carne em tua carne.

Gostava de fazer o que tu queres
ser alma em tua alma em um só corpo
não o perto e o distante entre dois seres
não este haver sempre um e sempre o outro.

Um corpo noutro corpo e ao fim nenhum
tu és eu e eu sou tu e ambos ninguém
seremos sempre dois sendo só um.

Por isso esta ferida que faz bem
este prazer que dói como outro algum
e este estar-se tão dentro e sempre aquém.

Alberto Caeiro

 


O luar quando bate na relva
O luar quando bate na relva
Não sei que coisa me lembra...
... Lembra-me a voz da criada velha
Contando-me contos de fadas.
E de como Nossa Senhora vestida de mendiga
Andava à noite nas estradas
Socorrendo as crianças maltratadas...
Se eu já não posso crer que isso é verdade,
Para que bate o luar na relva?

O convite



Vem navegar nessa ilusão
onde todos os sonhos são possíveis,
onde a noite cai sem pressas,
onde os prazeres são saciados
na fluidez dos desejos.

Vem recordar todas as palavras
e realizar as promessas,
deixa os sentidos
gotejar a seiva dum beijo
e entontecer nos olfactos de nós,

Vem passear nas crateras da lua
como todos os amantes,
como as manhãs nas madrugadas,
como as sementes que germinam,
como os dias nas folhas do calendário.

Vem dançar ao entardecer
e ser luz
nas frestas do meu peito,
vem pincelar o céu de mil cores
e extenuar o corpo
no carrossel da paixão.

Vem navegar
nos rios do meu pensamento.


© Francisco Valverde Arsénio

OS BÚZIOS



Quando os búzios acordarem
Nessa praia junto ao mar
Talvez o sol não se levante
... Com medo de os despertar.

Porque entre cada grão de areia
Que a maré vaza não molhou
Ficaram escondidos segredos
Que a maré preia acautelou.

E se o sol fulgisse cedo
Mais cedo que o próprio alvor
Até os búzios saberiam
Que nos amamos sem pudor.

  Ana Paula Lavado

Eternidade



O que eu tenho não me pertence,
embora faça parte de mim.
Tudo o que sou me foi um dia emprestado
pelo Criador para que eu possa dividir
... com aqueles que entram na minha vida.
Ninguém cruza nosso caminho por acaso e
nós não entramos na vida de alguém
sem nenhuma razão.
Há muito o que dar e o que receber;
há muito o que aprender,
com experiências boas ou negativas.

É isso... tente ver as coisas negativas
que acontecem com você como algo
que aconteceu por uma razão precisa.
E não se lamente pelo ocorrido;
além de não servir de nada reclamar,
isso vai te vendar os olhos
para continuar seu caminho.

Quando não conseguimos tirar da cabeça
que alguém nos feriu,
estamos somente reavivando a ferida,
tornando-a muitas vezes bem maior
do que era no início.
Nem sempre as pessoas
nos ferem voluntariamente.

Muitas vezes somos nós que nos sentimos feridos
e a pessoa nem mesmo percebeu;
e nos sentimos decepcionados
porque aquela pessoa não correspondeu
às nossas expectativas.
Às nossas expectativas!!!

E sabemos lá quais eram as suas expectativas?
Nos decepcionamos e decepcionamos.
Mas, claro, é bem mais fácil pensar
nas coisas que nos atingem.
Quando alguém te disser
que te magoou sem intenção, acredite nela!

Vai te fazer bem. Assim, talvez,
ela poderá entender quando você,
sinceramente, disser que "foi sem querer".
Dê de você mesmo o quanto puder!
Sabe, quando você se for,
a única coisa que vai deixar
é a lembrança do que fez aqui.

Seja bom, tente dar sempre o primeiro passo,
nunca negue uma ajuda ao seu alcance,
perdoe e dê de você mesmo.
Seja uma bênção!
Deus não vem em pessoa para abençoar,
Ele usa os que estão aqui dispostos
a cumprir essa missão.

Todos nós podemos ser Anjos.
A eternidade está nas mãos de todos nós.
Viva de maneira que quando você se for,
muito de você ainda fique naqueles que
tiveram a boa ventura de te encontrar.
( Letícia Thompson)

 

Tempo...

Somos mais senhores de nós próprios desconhecendo o nosso passado, tanto como nos esqueceríamos do presente conhecendo o futuro.

J.M

segunda-feira, 12 de março de 2012

Miradoiro



Não sei se vês, como eu vejo,

Pacificado,

Cair a tarde

Serena

Sobre o vale,

Sobre o rio,

Sobre os montes

E sobre a quietação

Espraiada da cidade.

Nos teus olhos não há serenidade

Que o deixe entender.

Vibram na lassidão da claridade.

E o lírico poema que me acontecer

Virá toldado de melancolia,

Porque daqui a pouco toda a poesia

Vai anoitecer.





Miguel Torga

O Tempo

 
 
Tempo - definição da angústia.

Pudesse ao menos eu agrilhoar-te

Ao coração pulsátil dum poema!

Era o devir eterno em harmonia.



Mas foges das vogais, como a frescura

Da tinta com que escrevo.

Fica apenas a tua negra sombra:

- O passado,

Amargura maior, fotografada.



Tempo...

E não haver nada,

Ninguém,

Uma alma penada

Que estrangule a ampulheta duma vez!



Que realize o crime e a perfeição

De cortar aquele fio movediço

De areia

Que nenhum tecelão

É capaz de tecer na sua teia!



Miguel Torga

Chove

 
 
Chove uma grossa chuva inesperada

que a tarde não pediu mas agradece.

Chove na rua, já de si molhada

duma vida que é chuva e não parece.

Chove, grossa e constante,

uma paz que há-de ser.

Uma gota invisível e distante

na janela, a escorrer.



Miguel Torga

Dia de hoje

 
 
Ó dia de hoje, ó dia de horas claras

Florindo nas ondas, cantando nas florestas,

No teu ar brilham transparentes festas

E o fantasma das maravilhas raras

Visita, uma por uma, as tuas horas

Em que há por vezes súbitas demoras

Plenas como as pausas dum verso.



Ó dia de hoje, ó dia de horas leves

Bailando na doçura

E na amargura

De serem perfeitas e de serem breves.



Sophia de Mello Breyner Andresen

In Dia do mar,

O nevoeiro da espera colado aos sonhos...

 
Desenrola-se em nossos olhos

a vertigem transparente

que agride o declínio do dia

quando a lua se encosta nos vidros

e temos o nevoeiro da espera colado nos sonhos.

Há muito que sabemos como é intocável a luz

do orvalho na raiz da mágoa.

Palavras em estilhaços flutuam sobre os móveis

como fantasmas ou como as fadas

da mais antiga infância.

Respiramos devagar o sopro errante do vento.



Graça Pires

Procuro-te

EUGÉNIO DE ANDRADE, in AS PALAVRAS INTERDITAS



Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.

PODIA DIZER-TE HOJE

PAULO EDUARDO CAMPOS, in NA SERENIDADE DOS RIOS QUE ENLOUQUECEM .
 
 

 Podia dizer-te hoje,
... Que nunca te deixei.
Por nenhum momento.
Ouvia-te chorar dentro de ti.
E as tuas lágrimas
Inundavam as planícies, negras
E acidentadas, do meu corpo
Pela erosão dos teus dias.
Já não tenho lugar
No silêncio onde moram as gaivotas,
Nem na tua pele, onde dantes,
Desenhava constelações.
Já não deixamos as roupas
Debaixo dos luares
Dos nossos corpos,
Nem sentimos o galopar
Dos nossos corações,
Por entre bosques
E lábios de silêncio.

MULHER

JORGE DE SOUSA BRAGA, in A FERIDA ABERTA 
 




...
Metade mulher metade pássaro
Metade anémona metade névoa
Metade água metade mágoa
Metade silêncio metade búzio
Metade manhã metade fogo
Metade jade metade tarde
Metade mulher metade sonho

Flores no caminho







Há flores no caminho
não ando sozinho
... Camélia, margaridas, sempre-vivas
rosas sem espinho
semeadas com carinho

No caminho há flores
em meu coração muitos amores

Há flores no caminho
em cada estação um ninho
nos lábios, o paladar do vinho
no leito, a seda e o linho
nas memórias, o frescor do pinho

Certamente há flores no caminho...


Úrsula Avner
(Minas Gerais)

Corpo

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in MAR NOVO




Corpo serenamente construído
Para uma vida que depois se perde
Em fúria e em desencontro vivido
Contra a pureza inteira dos teus ombros.

Pudesse eu reter-te no espelho
Ausente e mudo a todo outro convívio
Reter o claro nó dos teus flancos
Rodeados pelo ar agradecido.

Corpo brilhante de nudez intensa
Por sucessivas ondas construído
Em colunas assente como um templo.

sábado, 10 de março de 2012

O Renascimento Comercial e o surgimento da burguesia




As Cruzadas foram um dos fatores que contribuíram para o RenascimentoComercial, pois essas expedições difundiram as atividades comerciais.

Na Europa também ocorreram alguns fatores internos que ocasionaram a expansão do comércio. O crescimento demográfico ocasionado pela cessação das invasões árabes, húngaras e eslavas ocasionou elevado crescimento dos mercados. Essa grande aumento populacional refletiu de forma negativa nos feudos, pois a sua produção era estruturada para uma economia de subsistência, sendo assim o consumo crescente gerou um desequilibrio na produção que era mais suficiente para atender a demanda.

Com toda essa crise, os habitantes do feudo começaram a abandonar as suas terras em busca de outras alternativas de trabalho. Alguns indivíduos optaram pelo comércio ambulante, iniciando as atividades comerciais, que com o passar do tempo se transformaria na burguesia.

Neste período, surgiram as feiras comerciais onde aconteciam os encontros entre os comerciantes que vendiam e compravam mercadorias. O horário das trocas de mercadorias era marcado com antecedência e o local era fixo. Essas feiras foram muito importantes para a propagação do comércio na Baixa Idade Média.

As mais importantes feiras da Europa estavam localizadas em Champagne, na França. Esta região era o ponto de encontro de negociantes de vários territórios. Em Flandres também haviam feiras, que ganharam maior destaque quando Champagne entrou em decadência, tornando-se o mais importante centro comercial do Norte e do mar Báltico.

Mais tarde, esses locais onde eram realizadas as feiras deram lugar para os burgos, que eram cidades comerciais.

Fatores das Cruzadas



A partir do século XI começa a surgir a crise do sistema feudal, que foi sentida principalmente na Europa. Ocorreu um grande crescimento demográfico devido a cessação das invasões vikings, árabes, eslavas e magiares, e essa nova demanda populacional afetou negativamente o feudo, que até o momento possuía uma economia de subsistência. A produção tornou-se insuficiente, pois o consumo era cada vez maior, e com isso muitos habitantes do feudo abandonaram a sua terra.

Os nobres sem terras agora eram cavaleiros errantes que prestavam seus serviços aos reis, aos grandes senhores e para as cidades. Os servos ou vilões passaram a trabalhar como artesãos ou vendedores ambulantes, e outros se tornaram mendigos, andarilhos e salteadores de estradas.

Durante este período, o Império (Sacro Império Romano-Germânico) e o Papado entravam numa disputa, pois as duas entidades queriam determinar a seu poder sobre o mundo cristão. O primeiro como poder temporal e o segundo como poder espiritual. Assim, os papas tentaram fortalecer sua supremacia encarregando-se do patrocínio das Cruzadas, que também contou com a participação dos imperadores, porém a presença da Igreja no patrocínio das expedições foi predominante.




As Cruzadas estavam relacionadas com fatores sociais, econômicos e políticos, porém os fatores religiosos não podem ser desconsiderados, pois nesta época a religiosidade predominava com bastante intensidade e contribuiu para a execução das Cruzadas.

[ENTRE O SONHO E O ENTARDECER...]

ELSA ANDRADE



Entre o sonho e o entardecer
... Desenho um mar nos teus olhos
És onda de afago em que me perco
Ilha de amores numa lenda por inventar

Um Porto no abrigo da ternura
Um olhar que desvenda a alma…
Um acreditar feito aurora nascente
Entre o sonho e o entardecer

Corpos sem pele nem momento …
Um toque no sentido do eco…
Cores tecidas de mil texturas
Num horizonte sem lágrima nem vento

Entre o sonho e o entardecer
Sou asa e tu és vento…
Num eterno momento…
Sem dor, promessa ou lamento

Uma partida feita chegada
Uma saudade em que te encontro
Um cais em que te invento
Entre o sonho e o entardecer…

A TERCEIRA MONÇÃO

LUIS FILIPE CASTRO MENDES, in LENDAS DA ÍNDIA 




Podes pensar que estás cansado,
... que a terceira monção já passou por ti,
que o ar ficou pesado de humidade e o teu coração
indiferente

Mas o que te rodeia é tão diverso e inesperado
e é ao mesmo tempo tão evidente
que vives no meio de gente como tu
(não mais nem menos religiosos,
não mais nem menos ganaciosos),
que a curiosidade te leva a imaginar novos horizontes
e de novo sais para o calor da monção à procura do que não sabes...

Lua Formosa



" Ó formosa, metade do meu Ser
para mim tu és a Lua pairante
que me sorris e dás do teu Luar
ao meu Ser que na terra vive Errante.
... Perante tua Luz e Magnetismo faz crer
o pobre espírito Errante voltar a amar.

Para ti sou o Sol enorme e radioso
que espera a tua saída, para ocupar
o lugar, bem lá em cima no alto.
Na tua ausência noto ainda no ar
o teu rasto de Luz e aroma delicioso
que ficou empregue nado no planalto.

Com o teu poder Magnético despertas
na mais íntima semente ou humilde Ser
o acto de acordar e muito fazer germinar.
Não antes de eu vir, com a minha Luz
para os fazer desenvolver e amadurecer
Eles sem nós, são como o Diabo na Cruz."

J.M.²

sexta-feira, 9 de março de 2012

EM TI


GONÇALO SALVADO, in ARDENTIA


... Em ti o chão exausto de meu desejo. A flor aberta
dos sentidos. A calidez do lume. A água. O vinho.
O sangue a estuar em fúria. O grito do sol
que em transe de labareda fulge e irradia.
A extensão de tantos vales
e colinas. Fragrantes. Infinitas.
Os pomos saborosos, repartidos.
Os gomos. Os sumos ardorosos.
Os bosques impregnados de maresia.
A placidez molhada das ervas.
O luzir loiro das searas pelo vento devastadas.
O estio. O seu zénite. A sua vertigem.

Em ti a inclinação dos ramos. A translucidez do verde.
O derrame da seiva. O estremecer das raízes.
O musgo despontando. O aveludado dos troncos.
Os álamos. Os plátanos. E outras núbeis melodias.
O espreguiçar incandescente dos rios.
O êxtase das aves altas anunciando o fervor
de um beijo. De um afago. De uma carícia.
O hálito das corolas. As sépalas. Os estames.
O brilho e o odor silvestre da resina. A relva sedosa.
A primavera inebriada com sua própria brisa.

Em ti o menear da terra. As eiras. O feno flamante.
O irromper dos brotos. O despertar dos cálices.
A embriaguez do nardo. E da acácia, festiva.
O matiz das cores na várzea repercutido.
O som dos mananciais posto a descoberto.
O manar das fontes em euforia.
Os céus azuis a derramarem hinos.
O trinado agudo da andorinha.
O acenar obstinado dos choupos.
As centelhas rubras do crepúsculo.
O perfume juvenil das vinhas.

Em ti o delírio das ondas. Das espumas.
As fogueiras ateadas. Os aromas fulvos.
O sopro das chamas. O pão aceso. As espigas.
Os campos de lilases que se estendem
numa queimadura de aurora.
As pétalas humedecidas.
O incêndio azul do orvalho.
A alvura da açucena na manhã florida.

Em ti, celebro a memória de todas as coisas vivas.


MULHER



"Tantas coisas belas tem o mundo,
Que nos oportuniza admirar.
... Tantas coisas de valor profundo
E, principalmente o poder amar.

E isto quem melhor nos ensina
Com tanto esmero e dedicação.
É aquela figura feminina
Que Deus incluiu em sua criação.

Este ser que tão sabiamente
Deus nosso Pai teve a confiança
De fazê-la guardiã, da semente
Dos filhos que são sua esperança

Para esta criatura notável
Hoje e sempre rendemos nossa homenagem
A mulher este ser frágil e agradável,
Que tudo ensina, até a ter coragem."

Júlio 19/11/96

NOITE POR TI DESPIDA

CASIMIRO DE BRITO, in ODE & CEIA




... Adulta é a noite onde cresce
o teu corpo azul. A claridade
que se dá em troca dos meus ombros
cansados Reflexos
coloridos. Amei
o amor. Amei-te meu amor sobre ervas
orvalhadas. Não eras tu porém
o fim dessa estrada
sem fim. Canto apenas (enquanto os álamos
amadurecem) a transparência, o caminho. A noite
por ti despida. Lume e perfume
do sol. Íntimo rumor do mundo.

O TEU OMBRO SABE QUE A NUDEZ

EGITO GONÇALVES, in OS DIAS DO AMOR
 





...
O teu ombro sabe que a sua nudez
é objecto de poema.
Quando lhe tiras o vestido
- pelo ombro -
o teu corpo sabe que as palavras
acorrem
ao arrepio da pele.
E o meu corpo sabe
que as palavras lhe pertencem,
esbarram no desejo,
apresentam a incoerência do delírio
que desce do teu ombro
para a música
do silêncio que fará o poema.


Dedico-te palavras: apenas
marcos de uma intensidade,
uma ligeira pele do que nunca
poderia descrever, da porta
que se abre quando o ombro
se solta do vestido
que desenha no chão
um gemido de amor: o som
da alegria, o seu
visível reflexo que capta
e expande
toda a luz secreta do poema.

Aqui onde se espera

FERNANDO PESSOA in POESIAS. FERNANDO PESSOA



Aqui onde se espera
— Sossego, só sossego —
Isso que outrora era,

Aqui onde, dormindo,
— Sossego, só sossego —
Se sente a noite vindo,

E nada importaria
— Sossego, só sossego —
Que fosse antes o dia,

Aqui, aqui estarei
— Sossego, só sossego —
Como no exílio um rei,

Gozando da ventura
— Sossego, só sossego —
De não ter a amargura

De reinar, mas guardando
— Sossego, só sossego —
O nome venerando...

Que mais quer quem descansa
— Sossego, só sossego —
Da dor e da esperança,

Que ter a negação
— Sossego, só sossego —
De todo o coração?

O Mar

EUGÉNIO DE ANDRADE, in BRANCO NO BRANCO




O mar novamente à minha porta.
Vi-o pela primeira vez nos olhos
de minha mãe, onda após onda,
perfeito e calmo, depois,

contra falésias, já sem bridas.
Com ele nos braços, quanta,
quanta noite dormira,
ou ficara acordado ouvindo

seu coração de vidro bater no escuro,
até a estrela do pastor
atravessar a noite talhada a pique
sobre o meu peito.

Este mar, que de tão longe me chama,
que levou na ressaca, além dos meus navios?

Silêncio

CARLOS EDUARDO LEAL
 


Shhh, silêncio!
As palavras ainda dormem.
Mais tarde te acordo, meu amor.
 Enquanto faço café, o vento se encarrega de trazer todos as letras da floresta para compormos o dia.

Nouvelle Vague -

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher


 ...

o som do silêncio
em murmúrios


o compasso da espera
acalentada
em suaves mão de afeto


frescor de rosas silvestres
em manhãs primaveris


renascida em estrelas


iluminada em sóis
em brancas luas


Mulher

...

ser que rebrilha em luz
renasce em cores

...

transcende amores


Ianê Mello
 

NASCIDA PARA AMAR




O vento não nos assusta
Nós somos a ventania
Intensas e profundas
espalhamos amor pelo ar


Podemos ser brisa leve
ao amor acarinhar
Mas também somos furacão
com o desejo a nos queimar


Somos uma e somos várias
Em muitas nos dividimos
Mãe, mulher, companheira, amiga
Assumimos no mundo vários papéis
e procuramos cumprí-los com amor


E ainda há quem diga
numa ignorância cega de doer
Mulher, esse sexo frágil
tão difícil de entender


Ora, faça-me o favor
Pense com mais vagar
e saiba dar o devido valor
à este ser que nasceu para amar.


Ianê Mello

HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM

ALEXANDRE O'NEILL, in POESIAS COMPLETAS



Há palavras que nos beijam
... Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

INOCÊNCIA

CLÁUDIO CORDEIRO, in UM TUDO NADA ÁGUA

  

A inocência do teu corpo é um pano branco.
... A carne é crua num corpo intacto de plena luz.
Nu e intenso é o teu olhar despido de fogo.
Estou sóbrio na noite em que murmuro o teu
nome puro.

Sei que a água não é o pão que como
no teu corpo virgem.
A tua inocência é o fruto delicado
que pressinto na ponta dos meus dedos.

Respiro lentamente a fome dos teus braços.
Sinto falta de beijar o sol da tua boca…

Colhi um Ramo

Colhi um Ramo
 

 Colhi um ramo de alfazema.
Pelo aroma, pela cor?
Talvez impelida pelo rubor,
... Colhi um ramo de alfazema.
Guardei-o,
atado com uma fita de seda branca.
Não sei do ramo de alfazema
que escolhi e colhi.
Podia ter sido para ti.
Esse ramo de alfazema foi acolhido em mim.
Às vezes abro uma gaveta,
Não vejo o ramo de alfazema...
Mas o aroma da gaveta aberta recorda-me o dia em que o colhi.
Um dia em que estava junto a ti.

Fernanda Paixão
MARGARIDA SOUSA ALMEIDA, in PECADOS CAPITAIS



Deste-me um toque e entrou em queda o imenso dominó.
... Teve inicio a infinita e inexorável queda no escorrega interno, espiral do búzio em que vivíamos.
Sim, nesse mesmo búzio que encostávamos o ouvido e onde juntos escutámos o melodioso estalar das ondas quebrando em espuma nas rochas ardentes das frágeis falésias douradas pelo sol.

Deste-me um toque e girou o mundo num movimento uniformemente acelerado: num vórtice deixámos para trás a inerte visão de Heraclito e entrámos, como a Alice, na Aristotélica visão do movimento: passámos da potência ao acto. Em queda livre voamos agora na estratosfera subindo cúmulos, atravessando trovões, vogando na inexorável corrente da queda de um dominó.

MULHER-FLOR

JOSÉ GABRIEL DUARTE 
 


 Sinto luz no esverdear dos teus olhos,
... um rasgar de desejo nos teus lábios,
um leve cheiro a jasmim,
que me atrai,
me faz voltar
para onde vim,

a gélida nublina da noite,
que te secava e feria,
não amanheceu,
no regar cálido da noite,
se perdeu,

O cálice do teu corpo,
voltou a florir,
renasceste mulher,
botão de flor,
querendo abrir...

NENHUMA MORTE APAGARÁ OS BEIJOS

JOAQUIM PESSOA, in OS OLHOS DE ISA




 Nenhuma morte apagará os beijos
e por dentro das casas onde nos amámos ou pelas ruas clandestinas da grande cidade livre
estarão sempre vivos os sinais de um grande amor,
esses densos sinais do amor e da morte
com que se vive a vida.

Ai estarão de novo as nossas mãos.
E nenhuma dor será possível onde nos beijamos.
Eternamente apaixonados, meu amor. Eternamente livres.
Prolongaremos em todos os dedos os nossos gestos e,
profundamente, no peito dos amantes, a nossa alma liquida e atormentada
desvendará em cada minuto o seu segredo
para que este amor se prolongue e noutras bocas
ardam violentos de paixão os nossos beijos
e os corpos se abracem mais e se confundam
mutuamente violando-se, violentando a noite
para que outro dia, afinal, seja possível.

NO ENTREABRIR

ANA FONSECA



Sacudo os meus pensamentos com afinco
Varro-os determinada e de mansinho
Não vá algum tropeçar no caminho

Sacudo-os para bem longe de mim
Mas eles encontram sempre uma frincha entreaberta
E o fel irrompe em meus lábios sacudindo o mel

No entreabrir do meu corpo
Reacende-se o desejo de ti e a contragosto verifico
Tu não és planeado em mim, aconteceste-me e pronto!

Agora, resta a vontade do reencontro dos lábios numa alvorada de desejos…

Esssa mulher...

EUGÉNIO DE ANDRADE, in O PESO DA SOMBRA



Essa mulher, a doce melancolia
... dos seus ombros, canta.
O rumor
da sua voz entra-me pelo sono,
é muito antigo.
Traz o cheiro acidulado
da minha infância chapinhada ao sol.
O corpo leve quase de vidro.

MULHER




De um pedaço de barro foste moldada,
Tuas formas voluptuosas, arredondadas,
Seios túmidos e coxas bamboleantes ,
... Despertas frémitos de paixões escaldantes,
Num momento te transformas também,
Tuas formas ficam mais arredondadas,
Teu ventre te torna mãe.
De teu coração muitas emoções fluem arrebatadas,
Tu és uma fonte inesgotável de prazer e amor.
Tanto choras de alegria, como ris de dor.
Tal como a rosa vai definhando,
Suas pétalas olorosas vão desfolhando,
Tu Mulher perdes beleza, mas não teu Amor,
De teu coração, como das pétalas, o perfume está a exalar
Que inebriam outros corações que no éter o vão encontrar.


LUISA ROGIL




VÔO AO INFINITO




Voa...

voa
... pássaro branco
em suas asas de paz

espalha a luz
ilumina o mundo

dança...dança
girando no ar
menina-mulher

sorriso no rosto
placidez no olhar

nos montes
nos vales
canção viajante
ao infinito transporta

ao intenso brilho do sol
rodopias verdejantes prados

natureza se enleva
na doce presença
do pássaro-mulher


Ianê Mello

quarta-feira, 7 de março de 2012

A MULHER EM MIM




Olhos abertos à paisagem que fita
embaçados por cristalinas lágrimas

Olhos banhados de água e sal

A bela paisagem ali está
tão bela como sempre será

E ao olhar que a contempla
mais nítida fará a sua imagem

A mulher que em mim habita
de uma sensibiliddae doce
surpreende, por vezes, a mim mesma

Àquela pureza infantil de tempos idos
que retorna à esse coração já vivido
e nele faz morada por instantes,
por horas, por dias, por meses
até satisfeita em seus caprichos
Devolver-me a mulher que hoje sou

Essa mulher de carne e osso,
de sombra e luz,
de medo e coragem,
de amor e desamor

Sobre e acima de tudo Humana
Mulher que luta por suas crenças
aue ainda não perdeu as esperanças
no ser humano

Que chora, que sorri,
que fala manso e grita com veemência
Mulher indecifrável,
dos contrários, dos opostos que se atraem,
do direito e do avesso

Para quem a vida
é sempre um recomeço.


Ianê Mello

Esboço do dia...

Amadurecer…



Sonhei amadurecer como essência do perfume
Encobrir sulcos da pele em busca do abrigo
Ao brilho das estrelas, ao silêncio da noite
Derreti as lágrimas congeladas pelo inverno…

Voei com as nuvens de cabelos dourados
Rompidos pelo eco da força do vento
Aposentando palavras e poemas vivos
Celebrados pela nostalgia da paixão…

Vivi as chuvas em ar primaveril
O canto dos pássaros em amor-perfeito
Festejando brincadeiras de verão
Que como a água rolávamos ao chão…

Vivi o amor que dediquei a vida
Floresci e desfolhei como ramos outonais
Meditei cicatrizes nos barris de carvalho
Legando apenas ao amor o cuidado a ti…

E assim, sou palavras e emoção
Livros de vida com letras de ouro
Folhas pálidas abandonadas pelo tempo
Ao balanço uma porcelana viva, triste decoração!
Flávia Angelini

Conchas do Mar...



Ao caminhar da esperança em alegria
aos nossos pés o mar azul nos traz
conchas níveas cravadas na leveza
fertilizadas em sua beleza solitária...

Espelhos da nossa luz a refletir
um toque feminil furta-cor
nas ondulações da pele a sua dor
fechada em ninho, em esplendor...

Refletem, revelam, impressionam
a cada arrebentação a força da decisão
de vencer do amago a dor da solidão
florescer uma jóia do viver, ao coração...

Metamorfoses da vida, calcadas no sofrer
uma fenda aberta, incitando a reviver
com a água, em uma combinação infalível
transformando a dor em uma pérola do amor...
Flávia Angelini

ASAS ABERTAS




Podes te agasalhar no meu Carinho,
abrigar-te de frios no meu ninho
com as tuas asas trêmulas, incertas.

... Tu'alma lembra vastidões desertas
onde tudo é gelado e é só espinho.
Mas na minha'alma encontrarás o Vinho
e as graças todas do Conforto certas.

Vem! Há em mim o eterno Amor imenso
que vai tudo florindo e fecundando
e sobe aos céus como sagrado incenso.

Eis a minh'alma, as asas palpitando,
como a saudade de agitado lenço
o segredo dos longes procurando...

 CRUZ E SOUSA