quinta-feira, 1 de março de 2012

Fusão



Entrego-te o meu corpo
em chamas da cor do sangue
que se entorna do cálice.

Entrego-te pétalas soltas
para que formes a flor
que rompe dos teus lábios
e sal do mar
para temperares as lágrimas.

Entrego-te
e entrego-me,
neste derrame de memórias
que ficou talhado no teu corpo
no êxtase da dança ébria
que deixámos inacabada.

Desenlacei o nó
que me estrangulava
e senti o pulsar espasmódico da tua pele.

Entrego-me da mesma forma
com que te entregaste.


Francisco Valverde Arsénio

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