As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
domingo, 17 de junho de 2012
À pancada da onda contra a pedra hostil
À pancada da onda contra a pedra hostil
a claridade rebenta e decreta a sua rosa
e o círculo do mar reduz-se a um cacho,
a uma gota única de sal azul que tomba.
Oh radiante magnólia desatada na espuma,
magnética viageira cuja morte floresce
e eternamente volta a ser e a não ser nada:
sal destruído, ofuscante agitação marinha.
Juntos, meu amor, selamos o silêncio,
enquanto o mar destrói suas estátuas perenes
e derruba as suas torres de êxtase e loucura,
porque na trama destes tecidos invisíveis
da água desenfreada, da incessante areia,
mantemos a perseguida e única ternura.
Pablo Neruda,"Cien Sonetos de Amor"
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