URBANO TAVARES RODRIGUES, in HORAS DE VIDRO
Estes olhos que a insónia já negou
À luz de uma vida como as outras
... Estes dedos que na cela são tenazes
E o furor incessante dos milhafres
Estes lábios brancos ressequidos
Sempre beijando o teu contorno mítico
(Quando me aquece a febre do teu luto:
O saber que são meus os teus minutos!)
Estes gestos de ternura e de certeza
Estas rosas esquecidas no inferno
Esta dúvida que o cárcere repete
A ronda de lamento das estrelas
O galope selvagem do teu corpo
é agora a geleira da tristeza
Não. Não pode florir noutro jardim
essa ternura que ancorou em mim.
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