As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
SONHO DE MENINO
PAULO AFONSO RAMOS, in PASSOS ESPALHADOS PELO CHÃO
Em menino quis o sonho
construí-o em pedaços de papel
e em segredo imaginei o caminho
em que o cumpriria.
E em rapaz lutei
com ânsias de desejos ancorados
no rio da minha cidade.
Oh! Tejo meu companheiro
dos meus passos dados sozinho
e no rosto a mesma lágrima de menino
em sobressalto de um tempo
que a fugir se consome
e a vida – essa sentinela
sem pudor e sem nome
corre ao meu lado
e arruma o passado.
Em menino sonhei
ouvir a canção
com a letra que escrevi
na voz do trovador.
Ainda hoje trago o sonho escondido
ainda olho o Tejo
e num forte desejo
meio real meio perdido
abafo a dor
de ter crescido.
Os meus olhos são de menino
num corpo transformado
que nas noites adormece
viaja e brinca
no regaço do limiar
onde espero encontrar
o ansiado caminho
que cumprirá o destino
do sonho de menino.
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