quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

LISBOA - poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

LISBOA



Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver

2 comentários:

  1. Estou simplesmente extasiado com o seu blog
    Permita-me que comente com este meu poema


    O fascínio do mar

    tão leve como o vento
    tão leve
    sonho que desliza sobre a manhã
    na maré vazia
    á espera do sol

    assim te imagino...

    gaivota em voo silencioso
    no rebentamento das ondas
    sem tempo de chegar ou de partir

    assim te imagino...

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  2. Muito agradeço o comentário e muito mais a visita...
    Apareça sempre,é um prazer..!

    Embora aprecie poesia,Sofhia é a minha fonte de inspiração, daí o nome do Blogue...Mar sonoro...

    "Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
    A tua beleza aumenta quando estamos sós
    E tão fundo intimamente a tua voz
    Segue o mais secreto bailar do meu sonho
    Que momentos há em que eu suponho
    Seres um milagre criado só para mim."

    Agradeço também o poema que aqui gentilemente colocou e se me permite,vou enfeitá-lo com uma bonita imagem do mar e pô-lo á vista de todos quantos aqui passarem neste Blogue.

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