terça-feira, 3 de janeiro de 2012

PASSEI APENAS PARA TE DAR UM BEIJO


 

 As vezes que tenho lido esta frase. E torno a ler! Não sei que significado lhe dar, aliás, julgo ter várias leituras. Leio-a como um gesto de carinho, um toque subtil deixado em cada palavra ou apenas um abraço leve, desprendido, um abraço onde os braços estão abertos e que, quem o receber, sabe que pode voar. As palavr...
as saem não poucas vezes com uma mensagem que não é a que queremos editar no papel, saem assim porque assim as pensamos no momento, porque se julga ser mais fácil uma simples frase que um emaranhado de conjecturas. “Passei apenas para te dar um beijo”; pode querer dizer muita coisa, e quer porque assim o pensei no momento em que a escrevi. Queria saber escrever o quanto te quero sem usar palavras ou gestos, saber escrever o desejo, a vontade que o meu corpo tem do teu, mas nem sempre se sabe escrever estados de alma. Não sou capaz de te fazer sentir que o corpo é apenas um complemento da alma, mas que há uma necessidade objectiva de realizar esse contacto físico quando duas pessoas se desejam.
Pensei fazer um poema utilizando a frase “Passei apenas para te dar um beijo”, mas não cabia nos versos tudo quanto te devo dizer. Daí, deixei-me enredar na tinta azul deixada no caderno pela minha caneta de tinta permanente e falar-te sem rimas ou acertos de frases. Falo de ti… de ti a quem aperto as mãos com força com receio que escorregues por entre os meus dedos. Falo de ti e das tardes e manhãs sentados nos pinos existentes no jardim do monumento da cidade do fado, das gaivotas e dos barcos sulcando as águas do rio. Falo do brilho deixado na foz ao entardecer no momento do acaso onde o céu se confunde com as águas e a silhueta duma gaivota me inspiram num próximo poema. Falo de ti para não falar de mim e perco os olhos no estuário imenso que se perde entre margens.

“Passei apenas para te dar um beijo”… deixo-te um beijo.
 


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