terça-feira, 8 de maio de 2012

Púrpuras



Na púrpura do Verso o outro do Sonho ardente,
Fio a fio, teci. Era manhã! Radiava
Em pleno azul meu belo sol adolescente.
... E o meu Sonho, a essa luz, resplendia e cantava.

Como a enrediça, a vida, indomada e ascendente,
Por minha mocidade em mil voltas serpeava.
E tudo, no esplendor de um mundo renascente,
Sonoro, multicor, multímodo, vibrava.

Musa, que não gemeu flébil, magoada e langue:
Vivaz, tonto de luz, salta o primeiro verso,
Ao primeiro rebate estuoso do meu sangue.

Ó seivas tropicais! Ó sonoras luxúrias!
Mundo excelso do Sonho, esvoaçando, disperso,
No incontentado ardor dessas rimas purpúreas!


Arthur de Salles

Sem comentários:

Enviar um comentário