domingo, 13 de janeiro de 2013

Conclusão



O teu sorriso é cáustico 
como o vento cortante do inverno.
A tua voz tem o timbre da ironia 
que fere como o aço mal temperado.
O teu olhar tem a frieza
das manhãs cinzentas.
O teu toque tem o desprezo mórbido
dos lagos suicidas.

Mas as tuas palavras
têm a sedução transgressora
dos amantes.
A ternura dos crespúculos mornos
e tingidos de ocre.
A malícia inocente
que desarma a indiferença.
A doçura do mel
aconchegado nos favos.
O som dos rios
quando acariciam as margens.
O código dos oráculos impolutos.

E deixo que ande à deriva o paradoxo que és.
Decido que não quero ser baía
só quando no mar se anuncia tempestade…


© Rita Pais 2012

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