quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Fresta



Em meus momentos escuros 
Em que em mim não há ninguém, 
E tudo é névoas e muros 
Quanto a vida dá ou tem,

Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado

Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

Fernando Pessoa

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