sábado, 7 de janeiro de 2012

 
 
VASCO GRAÇA MOURA, in AS RIMAS DE PETRARCA


Vale dos meus lamentos em dor plena,
... rio que a meu chorar crescer te deixes,
feras do bosque, aves errantes, peixes
que cada margem verde prenda amena,

brisa do meu gemer quente e serena,
doce carreiro que a amargar desfeches,
colina que aprazias e em mim mexes,
onde inda Amor me leva e de uso acena,

conheço em vós as formas costumadas,
não, ai!, em mim, que de tão leda vida
sou feito albergue de infinitos nojos.

Daqui via o meu bem; e em tais pègadas
torno a ver onde ao céu nua é partida,
deixando em terra os seus belos despojos.

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