As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
[A NOITE QUE CAI]
LILIA TAVARES e JOSÉ GABRIEL DUARTE
...
A noite que cai
como mel prometido
traz-me o silêncio da tua voz.
Mãos vazias tocam
o que sobra dos dias
e neste desencontro
não sei se fui eu
que te faltei,
me escondi da sombra
cheguei tarde demais
se foste tu,
que te ausentaste,
partiste com os ventos
nas asas do tempo
sem tempo
sem beijo nem pétalas
sem corpo, ausente e perdido
na madrugada, ou se fui eu
que desertei
como um sonho vazio
rebelde, não quis saber
do teu nome nem do perfume
dos trilhos que percorreste
na minha pele.
......
que partimos de nós...sabemos.
barco que somos
sem margem, sem cais,
foi de nós o rumo que as ondas levaram.
...
A noite que cai
como mel prometido
traz-me o silêncio da tua voz.
Mãos vazias tocam
o que sobra dos dias
e neste desencontro
não sei se fui eu
que te faltei,
me escondi da sombra
cheguei tarde demais
se foste tu,
que te ausentaste,
partiste com os ventos
nas asas do tempo
sem tempo
sem beijo nem pétalas
sem corpo, ausente e perdido
na madrugada, ou se fui eu
que desertei
como um sonho vazio
rebelde, não quis saber
do teu nome nem do perfume
dos trilhos que percorreste
na minha pele.
......
que partimos de nós...sabemos.
barco que somos
sem margem, sem cais,
foi de nós o rumo que as ondas levaram.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O teu corpo...
CARMEN OLIVEIRA
O meu corpo veste-se para que o possas despir,
Minha mão tacteia inquieta...nunca o teu corpo a privou,
... Louca, em chama, sedenta...o corpo teu que antes tacteou,
Tenho-te?...Tenho! Mas sei que vais partir.
Não desejo, que me desejes sentir,
Não anseio, que me penses quando não estou,
Não se cobiça o que já se conquistou,
Desesperadamente quero...não te sentir fugir.
Aconchego, aperto, estrangulo com ilusão,
Talvez o sofrimento de te ter...
Seja mais doce, que a tormenta de te perder.
Não te sufoco a ti, meu amor, mas ao meu coração,
Prendo-o e obrigo-o, a te deixar permanecer,
Não te deixará fugir...só assim saberei viver!
À NOITE
O silêncio é teu gémeo no Infinito.
Quem te conhece, sabe não buscar.
Morte visível, vens dessedentar
O vago mundo, o mundo estreito e aflito.
Se os teus abismos constelados fito,
Não sei quem sou ou qual o fim a dar
A tanta dor, a tanta ânsia par
Do sonho, e a tanto incerto em que medito.
Que vislumbre escondido de melhores
Dias ou horas no teu campo cabe?
Véu nupcial do fim de fins e dores.
Nem sei a angústia que vens consolar-me.
Deixa que eu durma, deixa que eu acabe
E que a luz nunca venha despertar-me!
ENCANTAMENTO
JOSÉ LUÍS PEIXOTO, in A CASA, A ESCURIDÃO
há uma palavra mágica que se diz. essa palavra
é sempre diferente. montanha, precipício, brilho.
essa palavra pode ser um olhar. a voz. um olhar.
essa palavra pode ser o espaço de silêncio onde
não se disse uma palavra. brilho, montanha.
essa palavra pode ser uma palavra, qualquer palavra.
há uma palavra mágica que se diz. há um momento.
depois dessa palavra, só depois dessa palavra,
pode começar o amor.
há uma palavra mágica que se diz. essa palavra
é sempre diferente. montanha, precipício, brilho.
essa palavra pode ser um olhar. a voz. um olhar.
essa palavra pode ser o espaço de silêncio onde
não se disse uma palavra. brilho, montanha.
essa palavra pode ser uma palavra, qualquer palavra.
há uma palavra mágica que se diz. há um momento.
depois dessa palavra, só depois dessa palavra,
pode começar o amor.
TALVEZ
Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos…
E por amor
Serei… Serás…Seremos…
( Pablo Neruda )
GOSTO QUANDO TE CALAS
Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
( Pablo Neruda )
VONTADES DOS DEUSES
EMANUEL LOMELINO, in APRENDIZ DE POETA
Se os Deuses me permitissem a ousadia
... Daria ao mundo um poema derradeiro
Encerrava nele toda a beleza da poesia
E a mensagem correria o mundo inteiro
Se os Deuses me deixassem ser poeta
Escreveria mil versos de eterna paixão
Comporia um longo adágio de profeta
Que o mundo declamaria como oração
Se os Deuses estivessem do meu lado
E soprassem os versos que mais amo
Os meus poemas seriam o meu legado
Se os Deuses preferissem um aprendiz
De mim sairiam os poemas que clamo
E o mundo só poderia mesmo ser feliz
Se os Deuses me permitissem a ousadia
... Daria ao mundo um poema derradeiro
Encerrava nele toda a beleza da poesia
E a mensagem correria o mundo inteiro
Se os Deuses me deixassem ser poeta
Escreveria mil versos de eterna paixão
Comporia um longo adágio de profeta
Que o mundo declamaria como oração
Se os Deuses estivessem do meu lado
E soprassem os versos que mais amo
Os meus poemas seriam o meu legado
Se os Deuses preferissem um aprendiz
De mim sairiam os poemas que clamo
E o mundo só poderia mesmo ser feliz
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
... De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <<Fui eu?>>
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Ecce Homo.
"Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
... Uma causa maior que nos explique.
Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.
Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,
Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos."
- José Carlos Ary dos Santos
CANÇÃO DE AMOR...
Eu cantaria mesmo que tu não existisses,
faria amor, assim, com as palavras.
Eu cantaria mesmo que tu não existisses
porque haveria de doer-me a tua ausência.
...
Por isso canto. Alegre ou triste, canto.
Como se, cantando, tocasse a tua boca,
ainda antes da tua presença.
Direi mesmo, depois da tua morte.
Eu cantaria mesmo que tu não existisses,
ó minha amiga, doce companheira.
Eu festejo o teu corpo como um rio,
onde, exausto, chegarei ao mar.
Sim, eu cantaria mesmo que tu não existisses,
porque nada eu direi sem o teu nome.
Porque nada existe além da tua vida,
da tua pele macia, dos teus olhos magoados.
Assim quero cantar-te, meu amor,
para além da morte, para além de tudo.
Joaquim Pessoa
SOU A TUA CASA...
Joaquim Pessoa
Sou a tua casa, a tua rua, a tua segurança, o teu destino.
Sou a maçã que comes e a roupa que vestes.
Sou o degrau por onde sobes, o copo por onde bebes, o teu riso e o teu choro, o teu frio e a tua lareira. O pedinte que ajudas, o asilo que te quer acolher.
Sou o teu pensamento, a tua recordação, a tua vontade. E também o artesão que para ti trabalha, o medo que te perturba e o cão que te guia quando entras pela noite.
Sou o sítio onde descansas, a árvore que te dá sombra, o vento que contigo se comove.
Sou o teu corpo, o teu espírito, o teu brilho, a tua dúvida.
Sou a tua mãe, o teu amante, o marfim dos teus dentes. E sou, na luz do outono, o teu olhar.
Sou a tua parteira e a tua lápide. Os teus vinte anos. O coração sepultado em ti.
Sou as tuas asas, a tua liberdade, e tudo o que se move no teu interior.
Sou a tua ressaca, o teu transtorno, o relógio que mede o tempo que te resta.
Sou a tua memória, a memória da tua memória, o teu orgulho, a fecundação das tuas entranhas, a absolvição dos teus pecados. O teu amuleto e a tua humildade.
Sou a tua cobardia, a tua coragem, a força com que amas.
Sou os teus óculos e a tua leitura. A tua música preferida, a tua cor preferida, o teu poema preferido. Sou o que significas para mim, a ternura que desagua nos teus dedos, o tamanho das tuas pupilas antes e depois de fazer amor.
Sou o que sou em ti e o que não podes ser em mim.
Sou uma só coisa. E duas coisas diferentes.
Sou a tua casa, a tua rua, a tua segurança, o teu destino.
Sou a maçã que comes e a roupa que vestes.
Sou o degrau por onde sobes, o copo por onde bebes, o teu riso e o teu choro, o teu frio e a tua lareira. O pedinte que ajudas, o asilo que te quer acolher.
Sou o teu pensamento, a tua recordação, a tua vontade. E também o artesão que para ti trabalha, o medo que te perturba e o cão que te guia quando entras pela noite.
Sou o sítio onde descansas, a árvore que te dá sombra, o vento que contigo se comove.
Sou o teu corpo, o teu espírito, o teu brilho, a tua dúvida.
Sou a tua mãe, o teu amante, o marfim dos teus dentes. E sou, na luz do outono, o teu olhar.
Sou a tua parteira e a tua lápide. Os teus vinte anos. O coração sepultado em ti.
Sou as tuas asas, a tua liberdade, e tudo o que se move no teu interior.
Sou a tua ressaca, o teu transtorno, o relógio que mede o tempo que te resta.
Sou a tua memória, a memória da tua memória, o teu orgulho, a fecundação das tuas entranhas, a absolvição dos teus pecados. O teu amuleto e a tua humildade.
Sou a tua cobardia, a tua coragem, a força com que amas.
Sou os teus óculos e a tua leitura. A tua música preferida, a tua cor preferida, o teu poema preferido. Sou o que significas para mim, a ternura que desagua nos teus dedos, o tamanho das tuas pupilas antes e depois de fazer amor.
Sou o que sou em ti e o que não podes ser em mim.
Sou uma só coisa. E duas coisas diferentes.
A Mitologia Grega - Vênus e Adônis.
Brincando, certo dia, com seu filho Cupido, Vênus feriu o peito em uma de suas setas. Afastou a criança, mas a ferida era mais profunda do que pensara. Antes de curá-la, Vênus viu Adônis, e apaixonou-se por ele. Já não se interessava por seus lugares favoritos: Pafos, Cnidos e Amatos, ricos em metais. Afastava-se mesmo do céu, pois Adônis lhe era mais caro. Seguiu-o, fez-lhe companhia. Ela, que gostava de se reclinar à sombra, sem outras preocupações a não ser a de cultivar seus encantos, anda pelos bosques e pelos montes, vestida como a caçadora Diana; chama seus cães e caça lebres e cervos, ou outros animais fáceis de caçar, abstendo-se, porém, de perseguir os lobos e os ursos, rescendendo ao sangue dos rebanhos. Também recomenda a Adônis que tenha cuidado com tão perigosos animais: — Sê bravo com os tímidos. A coragem contra os corajosos não é segura. Evita expor-te ao perigo e ameaçar minha felicidade. Não ataques os animais que a natureza armou. Não aprecio tua glória ao ponto de consentir que a conquistes expondo-te assim. Tua juventude e a beleza que encanta Vênus não enternecerão os corações dos leões e dos rudes javalis. Pensa em suas terríveis garras e em sua força prodigiosa! Odeio toda a raça deles. Queres saber por quê? E, então, contou a história de Atalanta e Hipómenes, que ela transformara em leões, para castigo da ingratidão que lhe fizeram. Tendo feito essa advertência, Vênus subiu ao seu carro, puxado por cisnes, e partiu, através dos ares. Adônis, porém, era demasiadamente altivo para seguir tais conselhos. Os cães haviam expulsado um javali de seu covil e o jovem lançou seu dardo, ferindo o animal de lado. A fera arrrancou o dardo com os dentes e investiu contra Adônis, que virou as costas e correu; o javali, porém, alcançou-o, cravou-lhe os dentes no flanco e deixou-o moribundo na planície. Vênus, em seu carro puxado por cisnes, ainda não chegara a Chipre, quando ouviu, cortando o ar, os gemidos de seu amado, e fez voltar para a terra os corcéis de brancas asas. Quando se aproximou e viu, do alto, o corpo sem vida de Adônis, coberto de sangue, desceu e, curvando-se sobre ele, esmurrou o peito e arrancou os cabelos. Acusando as Parcas, exclamou: — Sua ação, porém, constituiu um triunfo parcial. A memória de meu sofrimento perdurará, e o espetáculo de tua morte e de tuas lamentações, meu Adônis, será anualmente renovado. Teu sangue será mudado numa flor; este consolo ninguém pode negar-me. Assim falando, espalhou néctar sobre o sangue e, ao se misturarem os dois líquidos, levantaram-se bolhas, como numa lagoa quando cai a chuva, e, no espaço de uma hora, nasceu uma flor cor-de-sangue, como a da romã. Uma flor de vida curta, porém. Dizem que o vento lhe abre os botões e depois arranca e dispersa as pétalas; assim, é chamada de anêmona, ou flor-do-vento, pois o vento é a causa tanto de seu nascimento como de sua morte.
Amor Proibido
Os amores e desafetos de Dom Pedro I e da Marquesa de Santos
Encontradas em um obscuro museu americano, cartas de Dom Pedro I à sua amada Domitila
Numa quente tarde de primavera em um dos bonitos casarões na Rua do Carmo, bem próximo ao Pátio do Colégio, no centro velho de São Paulo, parentes e escravos assistiam os últimos momentos daquela que, há quase meio século tinha vivido o maior caso de amor da História brasileira, o qual também se transformou no escândalo mais escabroso acontecido na corte de um Brasil recém liberto de Portugal. No dia 3 de novembro de 1867, 54 dias antes de completar setenta anos, morria Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos, que passou para a História como a amante (e o único verdadeiro amor) de Dom Pedro I.
O caso entre os dois durou sete anos. Pelos registros históricos, a ligação amorosa começou em 1822, um pouco antes de ser declarada a Independência do Brasil, até 1829 quando Domitila foi banida da corte no Rio de Janeiro, onde morava antes da chegada de Dona Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais (1812 - 1876), princesa de Leuchtenberg e segunda esposa de Dom Pedro I.
Tida como aventureira, adúltera e interesseira, entre outros adjetivos pouco elogiosos ao seu caráter, é bem verdade que Titília, como era chamada pelo Imperador em seus momentos de intimidade, colecionou propriedades, terras, joias, carruagens brasonadas e títulos nobiliárquicos para si mesma e seus parentes. Mas também foi capaz de inúmeros atos nobres, ainda que não tenham sido levados ao conhecimento público pela maioria dos historiadores.
Solar da Marquesa de Santos, comprado em 1834 |
Nem tudo é o que parece
O escritor Paulo Setubal, autor do célebre romance histórico "A Marquesa de Santos", escrito no início do século passado, só trata da vida de Domitila no período em que foi amante do imperador. Ele não conta em seu livro, por exemplo, que ao saber da prisão de seu segundo marido, Tobias de Aguiar, por seu envolvimento na Revolução de 1842, ela pediu por meio de um ofício ao imperador Dom Pedro II permissão para morar junto com o brigadeiro na Fortaleza de Lajes, numa ilha na baia da Guanabara, para cuidar do militar que sofria de problemas renais causados por um quadro avançado de diabetes, conta o pesquisador e historiador Paulo Rezzutti, autor do livro Titília e o Demonão - Cartas Inéditas de Dom Pedro I à Marquesa de Santos, lançado em 2011 pela Geração Editorial.
O escritor Paulo Setubal, autor do célebre romance histórico "A Marquesa de Santos", escrito no início do século passado, só trata da vida de Domitila no período em que foi amante do imperador. Ele não conta em seu livro, por exemplo, que ao saber da prisão de seu segundo marido, Tobias de Aguiar, por seu envolvimento na Revolução de 1842, ela pediu por meio de um ofício ao imperador Dom Pedro II permissão para morar junto com o brigadeiro na Fortaleza de Lajes, numa ilha na baia da Guanabara, para cuidar do militar que sofria de problemas renais causados por um quadro avançado de diabetes, conta o pesquisador e historiador Paulo Rezzutti, autor do livro Titília e o Demonão - Cartas Inéditas de Dom Pedro I à Marquesa de Santos, lançado em 2011 pela Geração Editorial.
Dom Pedro I e Dona Leopoldina |
"Ela também tinha uma grande consciência política e um orgulho imenso de ser paulista. Em 1827, Domitila doou dinheiro para a causa da Cisplatina e, segundo suas próprias palavras, fez sua doação como "brasileira e paulista". Anos depois, por ocasião da guerra do Paraguai, além de doações em dinheiro, franqueou sua fazenda às margens do Rio Tietê, no Jaraguá, às tropas de voluntários que seguiam para a luta armada com os países vizinhos", relata o escritor. Entusiasta do Partido Liberal, promovia reuniões políticas em seu casarão e participava ativamente das eleições. No fim de sua vida, ela não se esqueceu de seus escravos em seu testamento fazendo doações a alguns e proporcionando a liberdade aos mais chegados. Porém essas facetas de sua personalidade, nunca foram levadas em conta pelos historiadores e biógrafos.
A visão histórica sobre a (mal) falada Domitila parece ter uma razão política para existir, sugere Paulo Rezzutti. Muitos anos depois do romance terminado, o caso entre os dois ainda continuava a servir de combustível para os inimigos da monarquia. "A imagem de D. Pedro em particular, e da família imperial em geral, foi bastante deturpada pelos positivistas. A proclamação da República, por exemplo, não foi nada mais do que uma quartelada militar desorganizada que possibilitou a mudança do regime. Na Rússia assassinaram o czar para mostrar que não havia possibilidade de volta ao império. Por aqui, demonizaram a monarquia na tentativa desesperada de justificar o novo regime", explica Rezzutti.
Domitila D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal
Castelo de Santiago do Cacém
As escavações realizadas no território correspondente na actualidade ao concelho de Santiago do Cacém revelam as remotas origens dos vestígios de ocupação humana na região, desde o Paleolítico, passando pelo Neolítico, até ao período da conquista romana, ao qual remontam as ruínas de Miróbriga, numa comprovação da adequação dos seus terrenos à prática agro-pecuária.
O antigo povoado de Santiago do Cacém terá, então, entrado num longo processo de declínio, por volta do século IV d. C., até à chegada dos mouros, em 712. Passou a ser, então, conhecido por Cacém, denominação eventualmente atribuída a partir do nome do seu governador árabe, Kassen, ainda que uma lenda local a atribua a nobre aportada do Mediterrâneo oriental que, após matar Kassen e conquistar o castelo no dia de Sant'Iago, o baptizou de Sant'Iago de Kassen.
Independentemente destas considerações, os mouros ergueram um castelo na povoação tomada pelos Templários em 1157, para ser perdida em 1185 e recuperada, logo no ano seguinte, pela Ordem de Santiago da Espada (ou dos Espatários), que a receberam por doação régia, formando-se, assim, a designação pela qual passou a ser conhecida: Santiago do Cacém. O que não obstou a que fosse tomada pelo Califado almóada em 1191, até que, em 1217, passou, em definitivo, para a posse dos cristãos, reafirmando D. Afonso II (1185-1223) a doação efectuada por seu pai à Ordem dos Espatários (vide supra).
Mais de um século depois, o castelo, propriamente dito, encontrava-se na posse da princesa D. Vetácia, próxima da Rainha Santa Isabel, regressando à Ordem com a morte da proprietária, até que Filipe II (1578-1621) o doou aos Duques de Aveiro, em 1594, transferindo-se para a Coroa em 1759, numa altura em que se encontrava já bastante danificado. Uma situação agravada pela destruição parcial do muralhado provocada pela construção da igreja Matriz, no século XIII, assim como pela utilização do seu recinto interno como cemitério da Vila, a partir do século XIX.
... ERES TU
JUAN CARLOS CALDERON
Como una promesa, eres tu, eres tu
Como una manana de verano
Como una sonrisa, eres tu, eres tu
Asi, asi, eres tu.
Toda mi esperanza, eres tu, eres tu
Como lluvia fresca en mis manos
Como fuerte brisa, eres tu, eres tu
Asi, asi, eres tu
Eres tu como el agua de mi fuente
(Algo asi eres tu)
Eres tu el fuego de mi hogar
Eres tu como el fuego de mi hoguera
Eres tu el trigo de mi pan
Como mi poema, eres tu, eres tu
Como una guitarra en la noche
Todo mi horizonte eres tu, eres tu
Asi, asi, eres tu
Eres tu como el agua de mi fuente
(Algo asi eres tu)
Eres tu el fuego de mi hogar
Eres tu como el fuego de mi hoguera
Eres tu el trigo de mi pan
Eres tu...
Como una promesa, eres tu, eres tu
Como una manana de verano
Como una sonrisa, eres tu, eres tu
Asi, asi, eres tu.
Toda mi esperanza, eres tu, eres tu
Como lluvia fresca en mis manos
Como fuerte brisa, eres tu, eres tu
Asi, asi, eres tu
Eres tu como el agua de mi fuente
(Algo asi eres tu)
Eres tu el fuego de mi hogar
Eres tu como el fuego de mi hoguera
Eres tu el trigo de mi pan
Como mi poema, eres tu, eres tu
Como una guitarra en la noche
Todo mi horizonte eres tu, eres tu
Asi, asi, eres tu
Eres tu como el agua de mi fuente
(Algo asi eres tu)
Eres tu el fuego de mi hogar
Eres tu como el fuego de mi hoguera
Eres tu el trigo de mi pan
Eres tu...
CONTA COMIGO SEMPRE...
JOAQUIM PESSOA in ANO COMUM
Conta comigo sempre.
Conta comigo sempre.
Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue.
Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade.
A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com claraza as flautas, os violinos, o oboé.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas.
Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre.
Conta comigo sempre.
Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível.
Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo.
Sabes como me chamo.
Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar.
Caminharei a teu lado.
Haverá, decerto, algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.
Conta comigo. Sempre.
Conta comigo. Sempre.
BRAÇOS
MÁRIO DOMINGOS
Os teus braços vêm para mim como navios
a saír da bruma, oblíquos, ondulantes,
no rumo rigoroso sobre a planície de água:
navios longos, ainda ao largo do meu corpo...
Lembro-me das campinas azuis - ou verdes? - das espigas,
de um quadrado de céu no tecto original....
Ah, dizer o que não digo, o que não sei,
contar os minutos, todos os minutos como se
estivesse neles e fora deles enquanto são,
enquanto sou! Há palavras que abrem mundos,
que abrem crateras na textura dos nervos...
Amo os teus dedos, que já não são gaivotas,
nem mesmo estrelas ou algas ou raízes.
Amo a água quando sinto que tem sede.
Os teus braços vêm para mim como navios
a saír da bruma, oblíquos, ondulantes,
no rumo rigoroso sobre a planície de água:
navios longos, ainda ao largo do meu corpo...
Lembro-me das campinas azuis - ou verdes? - das espigas,
de um quadrado de céu no tecto original....
Ah, dizer o que não digo, o que não sei,
contar os minutos, todos os minutos como se
estivesse neles e fora deles enquanto são,
enquanto sou! Há palavras que abrem mundos,
que abrem crateras na textura dos nervos...
Amo os teus dedos, que já não são gaivotas,
nem mesmo estrelas ou algas ou raízes.
Amo a água quando sinto que tem sede.
O JARDIM
ANTÓNIO RAMOS ROSA
Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.
Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.
Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.
Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.
Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.
Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.
[É NO TEU OLHAR TÃO PURO]
ANTÓNIO ALEIXO, in O FUTURO EM ANOS-LUZ
...
É no teu olhar tão puro
Que vou lendo o meu futuro,
Pois o passado esqueci;
E fico recompensado
Da perda desse passado
Quando estou ao pé de ti.
Mário Quintana
Tudo o que vive não vive sozinho, nem pra si mesmo.
Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde.
... Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos... A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador; quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos.
Esta mensagem é um tributo ao tempo.
Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora.
Cuidado! A nossa própria alma apanha-nos em flagrante nos espelhos que olhamos sem querer.
Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde.
... Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos... A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador; quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos.
Esta mensagem é um tributo ao tempo.
Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora.
Cuidado! A nossa própria alma apanha-nos em flagrante nos espelhos que olhamos sem querer.
Novamente o Outono.
J. Norinaldo.
A nudez sem pecado, depois de cansado do amor vem o sono, e o cúmplice vento tenta por um momento esconde-los dos olhos com as folhas de outono; o quadro profano do corpo sem véu, a tela e o pincel que dão luz a vida. Como as folhas de outono que adubam novamente o solo, e uma mãe no colo amamenta o rebento, para que novas folhas belas verdejantes colorindo a terra como foram elas antes; e outra vez cobrirão os amantes no sono, ao bailar com o vento novamente no outono.
Ah! Quem me dera no meu último sono, deitar no teu colo em completo abandono, sentindo o teu corpo como a mais doce delícia, além da carícia das folhas de outono.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
INSTANTE
Carlos Drummond de Andrade
Uma semente engravidava a tarde.
Era o dia nascendo, em vez da noite
Perdia amor seu hálito covarde,
e a vida, corcel rubro, dava um coice,
mas tão delicioso, que a ferida
no peito transtornado, aceso em festa,
acordava, gravura enlouquecida,
sobre o tempo sem caule, uma promessa.
A manhã sempre sempre, e dociastuto
seus caçadores a correr, e as presas
num feliz entregar-se, entre soluços
E que mais, vida eterna, me planejas?
0 que se desatou num só momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.
Recordo as imagens.
A tua lembrança é uma queimadura que não dói. Já não dói. A música que fez rodar as nossas tardes está obscuramente calada, a flauta é infeliz, o diabo está dentro dela. Os nossos anjos estão agora num asilo, as suas asas estão molhadas de amargura, a truculenta carne da paixão perdeu o prazo e o sabor. Volto-me para dentro e vejo minúsculas matérias que não se revelaram, não a...conteceram, não chegaram a fluir. Foste brilhante, pura, azul como a aura de uma criança loira. Agora, os teus dedos bailarinos são de metal, são frios, incapazes de comunicar, de se exprimirem na linguagem que ajudou a derrubar todos os impérios: a ternura. Não estou apavorado, só estou triste. E nem preciso que me expliques as razões porque morremos, estando ainda vivos. Como nalgumas estrelas que explodiram há muito, mas que continuamos a registar no mapa do céu. Se me mostrares um caminho, eu seguirei noutra direcção.
Joaquim Pessoa
Joaquim Pessoa
Subamos!
Tensos
Pela corda luminosa
... Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!
Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.
Como no espasmo.
(...)
Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.
E morreremos
Morreremos alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO.
in Poemas, Vinicius de Morais
A ÁRVORE
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Era uma vez – em tempos muito antigos, no arquipélago do Japão – uma árvore enorme que crescia numa ilha muito pequenina.
Os japoneses têm um grande amor e um grande respeito pela Natureza e tratam todas as árvores, flores, arbustos e musgos com o maior cuidado e com um constante carinho.
Assim, o povo dessa ilha sentia-se feliz e orgulhoso por possuir uma árvore tão grande e tão bela: é que em nenhuma outra ilha do Japão, nem nas maiores, existia outra árvore igual. Até os viajantes que por ali passavam diziam que mesmo na Coreia e na China nunca tinham visto uma árvore tão alta, com a copa tão frondosa e bem formada.
E, nas tardes de Verão, as pessoas vinham sentar-se debaixo da larga sombra e admiravam a grossura rugosa e bela do tronco, maravilhavam-se com a leve frescura da sombra, o suspirar da brisa entre as folhagens perfumadas.
Assim foi durante várias gerações....
...
— Os habitantes desta ilha não querem separar-se da sua árvore que, antes de crescer demais, lhes deu tanta alegria. Vamos nós próprios construir o nosso barco.
E assim foi. Depois da chuva do Outono, deixaram o tronco secar durante longos meses e, logo que viram que a madeira já estava bem seca, meteram mãos à obra.
E, como são um povo muito inteligente, os japoneses, que trabalham muito bem, muito depressa, com muito esmero e são óptimos carpinteiros, construíram rapidamente uma grande e linda barca toda esculpida e pintada de muitas cores.
Então houve uma grande festa e a barca foi lançada ao mar.
À noite houve fogo de vista e em todas as ruas e praças se acenderam balões de papel, azuis, amarelos e vermelhos...
...
— Temos que fazer com este mastro alguma coisa que nos lembre a nossa árvore antiga e a nossa barca — disse o chefe da ilha.
Depois de muito pensar resolveram fazer uma biwa, que é uma espécie de guitarra japonesa.
Quando a obra ficou pronta, a população reuniu-se na praça principal e sentaram-se em silêncio em redor do melhor músico da ilha para ouvirem o som da biwa.
Mas, mal os dedos do músico fizeram soar as cordas, de dentro da biwa ergueu-se uma voz que cantou:
A árvore antiga
Que cantou na brisa
Tornou-se cantiga
Então, todos compreenderam que a memória da árvore nunca mais se perderia, nunca mais deixaria de os proteger, porque os poemas passam de geração em geração e são fiéis ao seu povo.
Era uma vez – em tempos muito antigos, no arquipélago do Japão – uma árvore enorme que crescia numa ilha muito pequenina.
Os japoneses têm um grande amor e um grande respeito pela Natureza e tratam todas as árvores, flores, arbustos e musgos com o maior cuidado e com um constante carinho.
Assim, o povo dessa ilha sentia-se feliz e orgulhoso por possuir uma árvore tão grande e tão bela: é que em nenhuma outra ilha do Japão, nem nas maiores, existia outra árvore igual. Até os viajantes que por ali passavam diziam que mesmo na Coreia e na China nunca tinham visto uma árvore tão alta, com a copa tão frondosa e bem formada.
E, nas tardes de Verão, as pessoas vinham sentar-se debaixo da larga sombra e admiravam a grossura rugosa e bela do tronco, maravilhavam-se com a leve frescura da sombra, o suspirar da brisa entre as folhagens perfumadas.
Assim foi durante várias gerações....
...
— Os habitantes desta ilha não querem separar-se da sua árvore que, antes de crescer demais, lhes deu tanta alegria. Vamos nós próprios construir o nosso barco.
E assim foi. Depois da chuva do Outono, deixaram o tronco secar durante longos meses e, logo que viram que a madeira já estava bem seca, meteram mãos à obra.
E, como são um povo muito inteligente, os japoneses, que trabalham muito bem, muito depressa, com muito esmero e são óptimos carpinteiros, construíram rapidamente uma grande e linda barca toda esculpida e pintada de muitas cores.
Então houve uma grande festa e a barca foi lançada ao mar.
À noite houve fogo de vista e em todas as ruas e praças se acenderam balões de papel, azuis, amarelos e vermelhos...
...
— Temos que fazer com este mastro alguma coisa que nos lembre a nossa árvore antiga e a nossa barca — disse o chefe da ilha.
Depois de muito pensar resolveram fazer uma biwa, que é uma espécie de guitarra japonesa.
Quando a obra ficou pronta, a população reuniu-se na praça principal e sentaram-se em silêncio em redor do melhor músico da ilha para ouvirem o som da biwa.
Mas, mal os dedos do músico fizeram soar as cordas, de dentro da biwa ergueu-se uma voz que cantou:
A árvore antiga
Que cantou na brisa
Tornou-se cantiga
Então, todos compreenderam que a memória da árvore nunca mais se perderia, nunca mais deixaria de os proteger, porque os poemas passam de geração em geração e são fiéis ao seu povo.
O amor
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção, pode ser a pessoa mais importante de sua vida.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante,
Se os olhos se encherem d’àgua, nesse momento, perceba, algo do céu te mandou um presente divino: o amor.
Se um dia tiveres que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro!
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida.
Mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Ás vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar sem deixá-lo acontecer verdadeiramente!
É o livre arbítrio.
Por isso, preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor!”
* Carlos Drummond Andrade *
Me encante
Pablo Neruda
Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar...
... Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.
Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser...
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.
Me encante com seus olhos...
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar...
E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar...
Me encante com suas palavras...
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.
Me encante com serenidade...
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.
Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.
Me encante como você fez com o seu primeiro namorado...
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.
Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva....
Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre...
Mas, me encante de verdade, com vontade...
Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias...
Pelo resto das nossas vidas!!!
Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar...
... Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.
Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser...
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.
Me encante com seus olhos...
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar...
E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar...
Me encante com suas palavras...
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.
Me encante com serenidade...
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.
Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.
Me encante como você fez com o seu primeiro namorado...
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.
Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva....
Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre...
Mas, me encante de verdade, com vontade...
Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias...
Pelo resto das nossas vidas!!!
sábado, 25 de fevereiro de 2012
"O conhecimento ..segurou a flor e... sorriu subtilmente”
"O conhecimento ..segurou a flor e... sorriu subtilmente” é difícil de captar e quase impossível de destrinçar através da especulação. E preciso beber o sopro de todos os Budas e, ao mesmo tempo, engolir a própria voz. Na realidade, não existe forma de expressar esse princípio; mas, caso seja necessário, pode citar-se o exemplo de beber a água de um copo e passá-lo a outro, de modo que as águas se misturem e não se distingam mais. Este é o momento em que o olhar de Shakyamuni e de Kashyapa se encontram e se tornam um só. Não existe mais relatividade. Dentre todos os guerreiros de todas as escolas, não há sequer um em cem mil que tenha captado o sentido de “... segurou a flor e... sorriu subtilmente”
A Mente Zen
Takuan Soho
Um dos grandes mestres do Budismo Zen
Projecto Apeiron
Zéfiro
Não te esqueci..!
Diamante Negro
Na minha face escorrem,
lágrimas de solidão.
Nos meus olhos guardo nostalgia.
Os dias passados, esses correm...
Sem esquecer a paixão,
de um amor que não foi fantasia.
Queria olhar e ver!
Queria chamar e ouvir.
Queria cantar e sentir...
Sentir sem pensar perder,
aquilo que um dia me fez sorrir,
sem de meu coração partir.
Olho a miúda que passa...
Nela espero encontrar,
o teu sorriso ou teu olhar.
Agarrar tua sombra devassa,
prender sem mágoa ou atar,
um corpo que faz sonhar.
Quero sussurrar baixinho,
dizer-te ao ouvido o que sinto.
Não mais vou arriscar,
esconder este fraquinho!
Que declaro e não minto!
Sobre esta forma de te amar.
Na minha face escorrem,
lágrimas de solidão.
Nos meus olhos guardo nostalgia.
Os dias passados, esses correm...
Sem esquecer a paixão,
de um amor que não foi fantasia.
Queria olhar e ver!
Queria chamar e ouvir.
Queria cantar e sentir...
Sentir sem pensar perder,
aquilo que um dia me fez sorrir,
sem de meu coração partir.
Olho a miúda que passa...
Nela espero encontrar,
o teu sorriso ou teu olhar.
Agarrar tua sombra devassa,
prender sem mágoa ou atar,
um corpo que faz sonhar.
Quero sussurrar baixinho,
dizer-te ao ouvido o que sinto.
Não mais vou arriscar,
esconder este fraquinho!
Que declaro e não minto!
Sobre esta forma de te amar.
Confesso...
Diamante Negro
Confesso que há tristeza.
Quando oiço aquela canção!
Que em tempos me dedicaste.
Confesso que a tua delicadeza,
não está esquecida no meu coração.
Com ela recordo o que amaste.
Minha alma pode secar,
com chorar a tua falta.
Meus olhos podem deixar,
de ver a tua ribalta.
Meu coração pode parar...
Meus lábios podem ficar presos,
por teu nome não pronunciar.
Meus sentimentos jamais ficarão ilesos.
FLOR DA PAIXÃO
NUNO JÚDICE, in O ESTADO DOS CAMPOS
Uma em cada ombro, rodeando o rosto
... de olhos fechados, as flores são brancas, como
o vestido cujas alças deixam a descoberto
o busto, de onde os braços nascem, cingindo
o corpo até ao ventre. Sigo, então, o desenho das
sobrancelhas, que encontram um reflexo no
princípio de olheiras que pendem
das pálpebras; e quase poderia tocar o nariz,
onde sinto o frémito da respiração
provocado pelos lábios fechados com força,
como se uma tensão interior obrigasse
o corpo a reagir ao peso da alma. Esta
mulher és tu: agora que puxo as alças
do vestido para vora dos braços, e encontro
a nudez do teu corpo sob as flores
da paixão. Mas não quero que abras
os olhos nem os lábios: respira, apenas,
mais devagar, sentindo o perfume
da tarde; e enquanto dispo, pétala a pétala,
o jardim que me abres, ouço a música
de um cair de roupa no chão
do poema.
Uma em cada ombro, rodeando o rosto
... de olhos fechados, as flores são brancas, como
o vestido cujas alças deixam a descoberto
o busto, de onde os braços nascem, cingindo
o corpo até ao ventre. Sigo, então, o desenho das
sobrancelhas, que encontram um reflexo no
princípio de olheiras que pendem
das pálpebras; e quase poderia tocar o nariz,
onde sinto o frémito da respiração
provocado pelos lábios fechados com força,
como se uma tensão interior obrigasse
o corpo a reagir ao peso da alma. Esta
mulher és tu: agora que puxo as alças
do vestido para vora dos braços, e encontro
a nudez do teu corpo sob as flores
da paixão. Mas não quero que abras
os olhos nem os lábios: respira, apenas,
mais devagar, sentindo o perfume
da tarde; e enquanto dispo, pétala a pétala,
o jardim que me abres, ouço a música
de um cair de roupa no chão
do poema.
À PROCURA DAS PALAVRAS
MÁRIO DOMINGOS, in O DESPERTAR DOS VERBOS
...
Tenho sede. Ergo-me de repente e abandono
o amável leito de todos os dias. Veloz como
o navio que sabe seguro o porto, ganho
o espaço ritual que me separa de mim.
Tenho sede. O meu pulso é algo de concreto e latejante,
assim me sinto e reconheço, à procura das palavras
na raiz incandescente do poema – eu.
São de pedra as cidades, são enormes e movem-se
no ritmo lógico em torno dos meus ombros.
A flor petrificada olha-me heroicamente, meigamente,
o seu espanto é de carne rigorosa.
Tem cinco pétalas azuis emocionadas,
inscritas pouco a pouco nos meus olhos
maravilhosos de ironia, incrivelmente densos.
E se as palavras não existissem?
E se você nunca tivesse ouvido a palavra "contrariedade"? Você alguma vez ficaria contrariado?
E se nunca tivessem sido inventadas palavras para coisas que você não quer?
E se a palavra raiva nunca existisse?
Você sentiria, então, o que parece ser a realidade da raiva ? Você pensaria em raiva ou num motivo para ela?
E se a palavra raiva fosse definida de forma diferente?
E se raiva fosse definida como falta momentânea de amor ou curta pausa no amor, ou percepção falha?
E se você nunca tivesse visto a raiva, e ninguém tivesse ficado irritado com você?
Onde então você teria aprendido a raiva ?
E se todos na terra ousassem ser jovens e conhecessem apenas a brincadeira e a alegria?
E se ninguém tivesse ouvido falar no conceito de frustração?
E se nunca ninguém tivesse ouvido falar em desarmonia?
E se todos conhecessem apenas harmonia, embora tivessem consciência que o desenvolvimento de algum tipo de harmonia demore mais que outros?
E se você tivesse pensamentos totalmente originais?
E se você realmente pensasse por si mesmo?
O que você dispensaria e o que manteria, e o que acrescentaria?
E se você hoje, falasse apenas palavras positivas?
Haveriam algumas coisas que você simplesmente não poderia dizer.
Talvez a vibração do mundo inteiro mudasse por causa do que você não disse.
O que é impossível?
E se você nunca tivesse escutado o conceito de difícil ou fácil?
Porque precisa conhecer frio e quente?
E se não houvessem palavras para nada?
Palavras são coisas maravilhosas e mesmo assim, algumas palavras não são maravilhosas, então porque tê-las?
Existem tantos idiomas no mundo.
Porque todas as línguas não poderiam expressar apenas alegria?
Porque é tão importante registrar coisas que não sejam alegres?
E se não houvessem perguntas nem respostas?
Quando o seu coração é transparente, o que há para perguntar?
Quando o seu coração não é transparente, que resposta pode ser ouvida?
O que existe que deva existir?
O que não existe que poderia existir?
Se o mal pode existir, não poderia o maravilhoso?
Se o maravilhoso pode existir, porque não poderia ser tudo que existe?
O que é desnecessário ou causador de infelicidade deve existir?
Porque deveria existir, em algum lugar?
Quando vemos o mundo e a vida de determinada forma, talvez estejamos a olhar com os olhos do passado.
Porque alguma vez foram, não significa que devam ser da mesma maneira.
A oportunidade existe.
A oportunidade significa que mais possibilidades se apresentam.
Oportunidade significa algo novo no nosso horizonte.
Ser prisioneiro do passado é como ter um livro diante de si que nunca leu.
Mas olha para a capa e diz, "Eu sei o que este livro diz."
Aceitar é ser feliz
"Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica.
Por isso, faço a minha sorte.
Sou fiel ao que sinto.
Aceito feliz quem eu sou.
Não acho graça em quem não acha graça. Acho chato quem não se co...ntradiz.
Às vezes desejo mal.
Sou humana. Sou quase normal.
Não ligo se gostarem de mim em partes. Mas desejo que eu me aceitem por inteiro.
Não sou perfeita, não sou previsível.
Admiro grandes qualidades.
Mas gosto mesmo dos pequenos defeitos. São eles que nos fazem grandes. Que nos fazem fortes.
Por isso, faço a minha sorte.
Sou fiel ao que sinto.
Aceito feliz quem eu sou.
Não acho graça em quem não acha graça. Acho chato quem não se co...ntradiz.
Às vezes desejo mal.
Sou humana. Sou quase normal.
Não ligo se gostarem de mim em partes. Mas desejo que eu me aceitem por inteiro.
Não sou perfeita, não sou previsível.
Admiro grandes qualidades.
Mas gosto mesmo dos pequenos defeitos. São eles que nos fazem grandes. Que nos fazem fortes.
Que nos fazem acordar.
Acho bonito quem tem orgulho de ser gente. Porque não é nada fácil, eu sei.
Acho bonito quem tem orgulho de ser gente. Porque não é nada fácil, eu sei.
Por isso Continuo guerreira. Continuo na lua. Continuo na rua. No meio do caos que anda o mundo
ACEITAR É SER FELIZ."
Fernanda Mello
JOAQUIM PESSOA in GUARDAR O FOGO
POEMA PRIMEIRO
... Gosto-te. E desta certeza
se abre a manhã como uma imensa
rosa de desejo indestrutível. O futuro
é o próximo minuto, para além
da infatigável religião dos meus versos,
em cuja luz me acendo, feliz e nu.
O meu sorriso conhece a bondade
dos animais, o poder frágil das corolas,
e repete o nome feminino dos arcanjos de
peitos redondos, perfumados
pelas giestas dos caminhos
do céu.
Gosto-te. Amarrado
pelos meus braços de beduíno do sol,
pobre senhor dos desertos,
profeta da distância que há dentro das palavras,
onde se alongam sombras
e o sofrimento se estende até à orla
da mais inquieta serenidade.
Gosto-te. E tenho sido
feliz, por nunca ter seguido os trilhos
que me quiseram destinar. Aqui
e ali me pergunto, despudoradamente. E sei
que não sei mentir. É por isso,
que recolho na face a luz imprescindível
ao orgulho dos peixes
e dos frutos.
Gosto-te. Na-na-na, na-ô...
Na-na-na, na-ô... na-nô...
Canta o espírito do caminho,
canta para mim e canta para ti, eleva
o coração das grandes árvores, coração
de seiva e de coragem,
sangue fresco e verde, apaixonado
e doce,
de tanto contemplar o perfil das tardes.
Gosto-te. Mas "longe"
é uma palavra húmida, grávida,
onde os sinos da erva tocam
para convocar as sílabas. E,
ao procurar-te, tremo apenas
de ternura
para que nem mesmo a inteligente brisa
da manhã
possa dar por mim.
Mais discreto que isto
é impossível.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Anel do tempo
Quando chegava o verão
Sentavas-te
À tardinha
Debaixo da figueira
Onde a brisa
Suave
Anunciava
O rumor das cotovias
Então pegavas
Delicada
Na minha mão
E contavas
Baixinho
Era uma vez um potrinho
Que adormecia
Feliz
A ouvir
As histórias do vento...
Sentia-te perto
E o tempo
Adormecido
No cantar do ribeiro
Parava
Enlevado
Para nos ver
Assim eram os dias
No tranquilo paraíso
Em que desenhavas
Minuciosa
O crescer das minhas asas
E eu sentia
O vigor do teu voar
Sentavas-te
À tardinha
Debaixo da figueira
Onde a brisa
Suave
Anunciava
O rumor das cotovias
Então pegavas
Delicada
Na minha mão
E contavas
Baixinho
Era uma vez um potrinho
Que adormecia
Feliz
A ouvir
As histórias do vento...
Sentia-te perto
E o tempo
Adormecido
No cantar do ribeiro
Parava
Enlevado
Para nos ver
Assim eram os dias
No tranquilo paraíso
Em que desenhavas
Minuciosa
O crescer das minhas asas
E eu sentia
O vigor do teu voar
Eu Simplesmente Amo-te
Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde.
Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.
Pablo Neruda
Pablo Neruda
O Vento na Ilha
O vento é um cavalo
Ouça como ele corre
Pelo mar, pelo céu.
... Quer me levar: escuta
como recorre ao mundo
para me levar para longe.
Me esconde em teus braços
por somente esta noite,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.
Escuta como o vento
me chama calopando
para me levar para longe.
Com tua frente a minha frente,
com tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa me levar.
Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
entretanto eu, emergido
debaixo teus grandes olhos,
por somente esta noite
descansarei, amor meu.
Pablo Neruda
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