terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A CURVA DO RIO

ANA PAULA TAVARES, in "DIZES-ME COISAS AMARGAS COMO OS FRUTOS
 


Desces a curva do meu corpo, amado
... com o sabor da curva de outros rios
contas as veias e deixass as mãos pousarem comno asas
como vento
sobre o sopro cansado
sobre o seio desperto

Parte a canoa e rasga a rede
tens sede de outros rios
olhos de peixes que não conheço
e dedos que sentem em mim a pele arrepiada
d'outro tempo

Sou a esperança cansada da vida
que bebes devagar
no corpo que era meu
e já perdeste
andas em círculos de fogo
à volta do meu cercado
Não entres, por favor não entres
sem os óleos puros do começo
e as laranjas.

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