quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

GÉNESIS

JORGE DE SENA, in COROA DA TERRA



Nenhum alta te resta que o não sejas
... no breve tempo entre morrer e estar.
E quando não estiveres, como desejas,
não menos pedra o vente há-de encerrar

a perspicácia anónima. Não vejas!
Não queiras adorar nem comparar,
porque não estão suspensos nas igrejas
pálidos do tempo ou sombras do lugar.

Como esta aurora, purgação dourada,
ara serás da noite já entrada,
que, enquanto altiva, a noite é mais funesta.

Tudo não és. Basta que as flores nocturnas
se humilhem, uma a uma, sobre as urnas.
Não entres mais agora: esse te resta.

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