JOAQUIM PESSOA in disco ARTE DO CORAÇÃO
Acorda-me. Acordar-me será a última, a mais terrível das
... paixões. Mulher amada, sublime deusa exigente, magnífica
e destruidora, acorda-me.
Eis que a madrugada se povoa de angústias e de pássaros,
os minutos se enchem com meus dedos sem teus dedos.
Olhar virgem de esmeraldas, poço de náufragos e de gritos,
com teus lábios de ausência beija-me, acorda-me, magoa-
-me. Esta é a noite, são estes os mais ávidos momentos.
Acorda-me. Feres-me com o teu silêncio, a tua mágoa in-
sulta-me. Coração entre corações perdido, lume das acáci-
as e das ágatas.
Acorda-me sorrindo, na minha fronte agonizam os deuses,
em meu sexo cresce um desejo súbito de mil florestas por
nascer. Vem.
Nos meus braços ardem fogueiras com milhões de séculos
e estremece-os essa longa ternura que jamais alguém her-
dou do feno, das uvas e do vento.
Oh, acorda-me. Que farei dormindo nesta noite breve?
Que buscarão sem ti, pálidos, os meus olhos frágeis? És
virgem, és virgem como uma amendoeira sangrenta, e eu
tenho apenas o que procuro em ti, nos teus ramos de ar,
no teu porte florido.
Acorda-me. Protege-me. Eu sou fraco e vacilante como os
vagabundos, e às vezes duro e feroz como a raiva dos in-
cêndios e das guerras. Por isso, acorda-me. Ama-me. Pro-
tege-me. E que nada eu busque sem te buscar, que nada
mais alcance sem poder tocar-te, que nada eu possa ver
sem contemplar teus seios, teus ombros, teus cabelos. Co-
brir-te-ei de origens e de cânticos, ajoelharei rosas, inun-
darei meu corpo de música e abandono e, sem inveja nem
ódio, poisarei de leve a minha boca no teu ventre para que
nada me limite, e uma liberdade fria e densa como um bos-
que divino reclame as nossas mãos cansadas dos abismos
e tão cheias apenas de silêncio e desencontros.
Acorda-me. Acorda-me e destrói-me. Esta será a última,
a mais terrível das paixões.
Acorda-me. Acordar-me será a última, a mais terrível das
... paixões. Mulher amada, sublime deusa exigente, magnífica
e destruidora, acorda-me.
Eis que a madrugada se povoa de angústias e de pássaros,
os minutos se enchem com meus dedos sem teus dedos.
Olhar virgem de esmeraldas, poço de náufragos e de gritos,
com teus lábios de ausência beija-me, acorda-me, magoa-
-me. Esta é a noite, são estes os mais ávidos momentos.
Acorda-me. Feres-me com o teu silêncio, a tua mágoa in-
sulta-me. Coração entre corações perdido, lume das acáci-
as e das ágatas.
Acorda-me sorrindo, na minha fronte agonizam os deuses,
em meu sexo cresce um desejo súbito de mil florestas por
nascer. Vem.
Nos meus braços ardem fogueiras com milhões de séculos
e estremece-os essa longa ternura que jamais alguém her-
dou do feno, das uvas e do vento.
Oh, acorda-me. Que farei dormindo nesta noite breve?
Que buscarão sem ti, pálidos, os meus olhos frágeis? És
virgem, és virgem como uma amendoeira sangrenta, e eu
tenho apenas o que procuro em ti, nos teus ramos de ar,
no teu porte florido.
Acorda-me. Protege-me. Eu sou fraco e vacilante como os
vagabundos, e às vezes duro e feroz como a raiva dos in-
cêndios e das guerras. Por isso, acorda-me. Ama-me. Pro-
tege-me. E que nada eu busque sem te buscar, que nada
mais alcance sem poder tocar-te, que nada eu possa ver
sem contemplar teus seios, teus ombros, teus cabelos. Co-
brir-te-ei de origens e de cânticos, ajoelharei rosas, inun-
darei meu corpo de música e abandono e, sem inveja nem
ódio, poisarei de leve a minha boca no teu ventre para que
nada me limite, e uma liberdade fria e densa como um bos-
que divino reclame as nossas mãos cansadas dos abismos
e tão cheias apenas de silêncio e desencontros.
Acorda-me. Acorda-me e destrói-me. Esta será a última,
a mais terrível das paixões.
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