sábado, 11 de fevereiro de 2012

MANUEL ALEGRE , in SETE SONETOS E UM QUARTO
 
 
 

 Em cada corpo a corpo se procura
o espírito das águas onde a alma
por vezes paira sobre a face obscura
... e só depois do fim encontra a calma

essa calma tristíssima de quem
volta a si de repente e sabe então
que enquanto um se esvai e outro se vem
ninguém é de ninguém ó solidão.

Suprema solidão que vem depois
de findo o corpo a corpo sobre a cama
quando nunca se é um mas sempre dois

e só um cigarro triste ainda é chama
e um último pudor puxa os lençóis
e a cinza cobre o amor que já não ama.

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