LÍLIA TAVARES
Passamos pelos ventos
como as aves tardias.
Azul é a folhagem
que cobre a nossa nudez branca.
Violinos tocam a melodia
dos nossos abraços
e as ondas beijam
os lábios plenos e sedentos
por outra boca.
Sou tarde e noite
deste dia segundo
em que os relógios
páram para nos deixar
avançar sobre as pedras as pedras
e à chuva.
Vazia fico sobre as tuas mãos abertas
e muda porque se alongam
os teus braços
e me envolve o teu corpo
suado e quente que desejo.
Nada sei.
Sou página em branco
onde a tinta dos teus gestos
me desenha e prolonga.
Esta noite é líquida
nos meus olhos esvaziados
de rumores e saudade.
Fixo o farol e a luz
da vida cúmplice.
Como as gaivotas parto
e regresso
porque este areal é meu.
Nem os búzios perdidos
nas águas profundas me podem
chamar com cânticos e brilhos.
Sou ilha e barco,
tu a margem que espera.
Agradeço o seu gesto gentil ao partilhar este poema de PARTO COM OS VENTOS no seu blogue.
ResponderEliminarGrande abraço. Que a Poesia nos una e nos faça também pessoas mais felizes.
Lília Tavares