sexta-feira, 27 de julho de 2012





O mais importante na vida
É ser-se criador – criar beleza.

Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.

Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir uma voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.

Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.
E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.

Antônio Botto

Tudo é Paixão



Assim me perguntaste, 
assim te respondi: 
tudo é paixão. 

Como não lamber 
da tua pele, o mel 
que o desejo fabrica? 

E como a minha boca 
não recolher o néctar 
da tua boca? 

Ou como não sorver 
das tuas mãos o pólen 
da ternura? 

E se, em vez de paixão, 
for sexo apenas, 
ou loucura? 

Pode até não ser amor. 
Mas, seja o que for, 
não é pior. 

Joaquim Pessoa


"A liberdade é um vinho de excelência. Não faz sentido que não o compartilhes. A sedução de ambos ajuda-nos a viver, é o perfume da pele, a pele do vento, o segredo com que a flor atrai a abelha. As árvores amam-se, e até mesmo as pedras partilham o amor entre si. O verde perde-se de amor pelo azul."
Joaquim Pessoa 







O Amor é...

O amor é o início. O amor é o meio. O amor é o fim. O amor faz-te pensar, faz-te sofrer, faz-te agarrar o tempo, faz-te esquecer o tempo. O amor obriga-te a escolher, a separar, a rejeitar. O amor castiga-te. O amor compensa-te. O amor é um prémio e um castigo. O amor fere-te, o amor salva-te, o amor é um farol e um naufrágio. O amor é alegria. O amor é tristeza. É ciúme, orgasmo, êxtase. O nós, o outro, a ciência da vida.
O amor é um pássaro. Uma armadilha. Uma fraqueza e uma força.
O amor é uma inquietação, uma esperança, uma certeza, uma dúvida. O amor dá-te asas, o amor derruba-te, o amor assusta-te, o amor promete-te, o amor vinga-te, o amor faz-te feliz.
O amor é um caos, o amor é uma ordem. O amor é um mágico. E um palhaço. E uma criança. O amor é um prisioneiro. E um guarda.
Uma sentença. O amor é um guerrilheiro. O amor comanda-te. O amor ordena-te. O amor rouba-te. O amor mata-te.
O amor lembra-te. O amor esquece-te. O amor respira-te. O amor sufoca-te. O amor é um sucesso. E um fracasso. Uma obsessão. Uma doença. O rasto de um cometa. Um buraco negro. Uma estrela. Um dia azul. Um dia de paz.
O amor é um pobre. Um pedinte. O amor é um rico. Um hipócrita, um santo. Um herói e um débil. O amor é um nome. É um corpo. Uma luz. Uma cruz. Uma dor. Uma cor. É a pele de um sorriso.

Joaquim Pessoa

quinta-feira, 26 de julho de 2012

TAÇA DE CRISTAL




Luiza Caetano 


Bebe-se o corpo
até ao infinito
das bocas
... fulvas de alegria

como se a vida
se extinguisse
nessa taça de magia
e
secretamente
nos fugisse

fugaz e breve
para além
do possível






De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem
as trevas como um duplo tambor
combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sonho.
Interceptando o fio das uvas terrestres
com pontualidade de um trem descabelado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate.

Com as asas de um cisne submergido,
para que as perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.

(Pablo Neruda)

Fado Soneto



Fernando Tavares Rodrigues



Cada manhã era a véspera da surpresa,
de silêncio em silêncio anunciada.
De encanto se tecia e de tristeza
essa noite cada vez mais desejada.



Do teu corpo prometido ainda o cheiro,
do teu ventre revelado ainda a chama.
A saudade do que foi um dia inteiro
na moldura do que foi a nossa cama.



Cada minuto um punhal impaciente,
cada gesto uma carícia antecipada,
cada suspiro um excesso de ar eloquente.



E a surpresa da surpresa desejada:
o sabor desse teu corpo adolescente
de mulher em cada beijo renovada.

(Havia uma palavra)





Eugénio de Andrade 



Havia
uma palavra
no escuro.
Minúscula. Ignorada.



Martelava no escuro.
Martelava
no chão da água.



Do fundo do tempo,
martelava.
Contra o muro.



Uma palavra.
No escuro.
Que me chamava.




" Se não fosse amor, não haveria planos,
nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado.
Se não fosse amor, não haveria desejo,
nem o medo da solidão.
Se não fosse amor não haveria saudade,
nem o meu pensamento o tempo todo em você.
Se não fosse amor
eu já teria desistido de nós."

( Caio Fernando Abreu )

Silêncio




Assim como do fundo da música

brota uma nota

que enquanto vibra cresce e se adelgaça

até que noutra música emudece,

brota do fundo do silêncio

outro silêncio, aguda torre, espada,

e sobe e cresce e nos suspende

e enquanto sobe caem

recordações, esperanças,

as pequenas mentiras e as grandes,

e queremos gritar e na garganta

o grito se desvanece:

desembocamos no silêncio

onde os silêncios emudecem.


Octavio Paz

A Tua Boca



A tua boca. A tua boca. 
Oh, também a tua boca. 
Um túnel para a minha noite. 
Um poço para a minha sede. 

Os fios dormentes de água
que a tua língua solta num grito cor-de-rosa
e a minha língua sorve e canta
e os meus dentes mordem derramando a seiva
da tua primavera sem palavras
o poema inquieto e livre que a tua boca oferece
à minha boca.

As loucas bebedeiras de ternura
por essa viagem até ao sangue.
Os beijos como fogueiras.
As línguas como rosas.

Oh, a tua boca para a minha boca.

Joaquim Pessoa

Tudo é Paixão



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Meu amor






(Florbela Espanca)

De ti somente um nome sei, amor.
É pouco, é muito pouco e é bastante
Para que esta paixão doida e constante
Dia após dia cresça com vigor!

Como de um sonho vago e sem fervor
Nasce uma paixão assim tão inquietante!
Meu doido coração triste e amante
Como tu buscas o ideal na dor!

Isto era só quimera, fantasia,
Mágoa de sonho que se esvai num dia,
Perfume leve dum rosal do céu...

Paixão ardente, louca isto é agora,
Vulcão que vai crescendo hora por hora...
O meu amor, que imenso amor o meu!

O verbo amar



Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
que a alma da gente faz escrava.

Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.

Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...

Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!

Poema de JG de Araujo Jorge

terça-feira, 24 de julho de 2012

*Poemas de amor*



Poemas de amor sempre belos
De ler amar e sentir
E aqueles que não esperamos
Deixam a alma a sorrir
O amor reveste em si verbos
Em tempos quase infinitos
Mas o amor entre duas almas
Que se entendem com um olhar
Será sempre puro e belo este amar
Deixando aos amantes, os doces olhos falar
E são dois corpos que a seguir se enlaçam
Lábios que se unem com amor e devoção
Numa ventura suprema de encanto
O amor explode com doçura e paixão
Te beijo agora e para sempre
Alma nossa… Amor eterno

Catarina (Pinto) Bastos

PERFEIÇÃO



Queria ser exemplar
Dar todo o meu abraço
Um regaço tua cama
Meu peito o encosto

Apenas solicitas
Mulher correcta
Só em fantasias
Assim me deparas

Todos contemos falhas
Mas pretendemos
Afeição
Autêntica
E integral

Nem no afecto
Há primor
Ainda bem que assim é
Desde que não subsista logro
Então é
Perfeição ….


Fátima Porto

Momentos que são vida






Catarina Bastos


Olho para ti sereno e descansado
recordo a delicadeza do momento passado,
do amor transbordado e celebrado
recebido e dado
como um fruto maduro
delicada e sofregamente degustado
que repartimos pelos dois ao meio
já descaroçado
Fruto de um desejo da semente, que
ciosamente guardo, prá de novo renascer
desta terra que lavro
Sede de água límpida de um rio encantado
que desagua num mar sempre renovado
amado e cantado
Chuva que rega o solo abençoado
do tesouro de um pão, de espigas
de trigo dourado
Em sonhos guardado como alimento
precioso e preservado
que se entrega sempre com um sorriso terno
e um olhar apaixonado,
pelos teus beijos adoçado, pelas nossas mãos tocado
Oh quanto amor apetecido e desejado,
maduro e sumarento,
como uvas de um vinha, no lagar esperado
Celebro contigo o milagre maior da vida destinada,
Amor como pão e o vinho,
da ceia anunciada que já foi festejada, nos
versos que canto, no amor que embalo.

Ela é feita de música






Eu procurei nas nuvens uma gota sequer que me fizesse entender
Que me explicasse onde eu devia encontrar você
Talvez as esmeraldas pudessem responder
Já que o verde dos olhos rasos elas vieram a lhe conceder

Mas fora inútil, e visitar os anjos eu fui pra que pudessem me consolar
Enquanto eles dançavam os dedos nas cordas das harpas
Sorri e ouvi sua voz familiar...

Do...cemente você surgiu, dentre as notas de uma canção
Re...velando uma amizade sincera, se alojou em um coração
Mi...to ou lenda, não sei o que você é
Mas é Fá...cil entender que poucas amigas existem como você
Como raios de Sol frequentes nas minhas manhãs

Lá estará você, sempre, Si...bilando ao vento 13 notas de amizade


Mayara Melo
 

Existe cor




Existe cor


quando
tenho a tua mão 
na minha

quando 
vejo o teu sorriso
no meu

quando
poiso os meus lábios 
nos teus

quando
voo no céu 
da tua boca

quando 
deslizo o meu corpo
no teu

quando
sinto o teu rosto
em minhas coxas

quando
sorvo o teu ventre

quando
naufrago em teu corpo

quando
em ti
vivo

quando
em ti
sou.

Fátima Guimarães 

PENSO EM TI




Olho a espuma do mar beijando a areia 
e penso em ti
Olho o sol poente, os últimos reflexos sobre o mar chão
e penso em ti

Olho o mar revolto, devorando a praia
e penso em ti

Olhos as flores que desabrocham no meu jardim
e penso em ti

Olho a água que corre nos carreiros incessantemente
e penso em ti

Olho as minhas mãos vazias de ti, cheias de Sol
e penso em ti

Olho o meu corpo outono vivo
e penso em ti

Olho as lágrimas que me invadem a alma e o rosto
e penso em ti

Olho a lua lânguida e timida aparecendo no negro céu
e penso em ti

Olho as folhas em branco do livro que ainda escrevo
e penso em ti

E é pensando em ti
que vivo mum compasso
descompassado
desesperado

dentro de ti ?


Fátima Guimarães

Ser... não sendo




Hoje foste silêncio,
palavra não articulada,
nota musical não tocada.
Não murmuraste no vento,
não ecoaste na sombra,
não cantaste
a melodia triste das ondas.
Foste voz calada,
boca cerrada,
olhar ausente.
Hoje simplesmente
esgotaste as memórias
do alfabeto,
não juntaste as letras,
esqueceste
que o verbo estar existe,
mesmo não estando.
Hoje foste
ausência de rumores encantados,
vazio repleto
de mudos sons,
reclusão
de exclamações vibrantes.
Hoje, meu amor de ontem,
simplesmente não foste!


© Rita Pais 2012

BEIJO



Nas folhas de papel, onde te escrevo alma minha
Sinto o peso de um amar, na escrita suave dita
Onde somente procuro a realidade paixão tua...
Simbiose plena deste rasgar sonhos ébrios meus.

Neste encontro para lá do sonho, para lá do céu
Muitas vezes metáfora de éden verdejante vivo
Fico na beira da falésia, quase no salto do vazio
Apesar de abraçado no teu olhar,só...no meu ser.

Nasce aqui o grito de exclamar...rouco...amo-te!
Rasgo mais além o exagero do afecto verdade
E fico em apneia de esperança, do teu vincular...

Minutos passam, tempos perdidos...palavras ocas
Mal estar de sentires...segredos e silêncios dor
E apenas quero, que o teu coração beije o meu!


in Da janela do meu a(Mar)



José Luis Outono

O POEMA QUE RECUSASTE


( poema a duas mãos )


enlouqueceste-me
o compasso da memória
em levadas de olhares luz
bebeste-me
a sede do meu respirar
em pausas de prazer
adormeceste-me
gritos e mágoas
em notas de ternura
alimentaste-me
a fome do meu sonhar
em toques de dedos ardentes
recusaste-me
a vibração do último andamento
em tempos ausentes
de tuas mãos.

Ao Crepusculo






Não...
Depois de te amar eu não posso amar mais ninguém.
De que me importa se as ruas estão cheias de homens esbanjando beleza e promessas ao alcance das mãos;
Se tu já não me queres, é funda e sem remédio a minha solidão.
Era tão fácil ser feliz quando estavas comigo.
Quantas vezes vezes sem motivo nenhum, ouvi teu riso, rindo feliz, como um guizo em tua boca.
E a todo momento, mesmo sem te beijar, eu estava te beijando...
Com as mãos, com os olhos, com o pensamento, numa ansiedade louca.
Nosso olhos, ah meu deus, os nossos olhos...
Eram os meus nos teus e os teus nos meus como olhos que dizem adeus.
Não era adeus no entanto, o que estava vivendo nos meus olhos e nos teus,
Era extase, ternura, infinito langor.
Era uma estranha, uma esquisita misturade ternura com ternura, em um mesmo olhar de amor.
Ainda ontem, cada instante uma nova espera,
Deslumbramento, alegria exuberante e sem limite.
E de repente... de repente eu me sinto como um velho muro.
Cheio de eras, embora a luz do sol num delírio palpite.
Não, depois de te amar assim,
Como um deus, como um louco,
nada me bastará e se tudo tão pouco,
Eu deveria morrer.

Pablo Neruda

O MAR




Um ser único, nem sangue.
Uma só caricia, morte ou rosa.
Vem o mar e junta as nossas vidas
e sozinho investe e reparte-se e canta
na noite no dia no homem na criatura.
A essência; fogo e frio; movimento.

PABLO NERUDA

Fio



TE SEGUIREI







Claudia Dimer


Irei contigo, amor... irei agora...
Tu me serás abrigo e companhia,
Eu te serei a brisa, a calmaria,
Teremos um ao outro mundo afora.

Iremos p'ra onde o amor eterno mora...
Moraremos ao lado da alegria!
De noite a luz da lua serviría
De teto e quando dia, a luz da aurora.

Te seguirei, amor, por onde fores
e sob os nossos pés nascerão flores
Que enfeitarão de sonhos as estradas...

No calor do verão, um passarinho
Há de pousar p'ra descansar juntinho
Das nossas duas sombras abraçadas.

Amor





MÁRIO BEIRÃO

Quando é noite, e, na voz da Imensidade,
Um alto sonho em lágrimas crepita,
Tua graça de morte me visita,
Teu olhar é um sorriso de saudade...


E a tua Ausência intimamente invade
Meu coração que morto inda palpita;
E a lágrima que eu sangro se ilimita,
Reflecte em sua dor a eternidade!


Vens de Além; são de sombras teus vestidos;
Tua noite de morte me ilumina,
Confundimos em êxtase os sentidos...


Um canto ri na cruz da nossa dor;
Canto onde brilha uma oração divina,
Morre o Desejo e principia o Amor!

Tão Alto me Alevanta a Fantasia



Fernão Álvares do Oriente

Tão alto me alevanta a fantasia
Ajudada a esperança do desejo,
Que a vista perco já, donde me vejo,
Daquele estado vil, em que me via.



Mas pretende da inveja a vã porfia
A luz escurecer, por que me rejo,
E derribar com seu sobejo
De tão alto lugar minha ousadia.



Mas vós, senhora, pois que meu cuidado
está seguro em vós, com segurança
Lhe deveis sustentar seu alto assento



E se haveis, que merece ser castigado:
A pena é minha, e a culpa da esperança
Que as asas empenou ao pensamento.

O CENTRO DO MUNDO (16)




Não leves nenhum desespero para casa.
Os que sofrem hoje
não são os que sofrerão amanhã.
Os que imploram hoje
não são os que implorarão amanhã.
A medida de todas as coisas
é como a mulher que chora no centro do mundo.
Chora para constatar que está viva.
Serve-te de um copo de leite.
Vê como é branco.
Constata como é puro.
Observa como só até um preciso momento
é útil e fruível,
Qualquer pergunta que possas fazer sobre ti
terá sempre uma única resposta
dentro de ti.
És como o leite,
puro e fruível
até ao preciso momento em que se ferve
ou azeda.




AMADEU BAPTISTA
Arte do Regresso

Enlevo



MÁRIO BEIRÃO


Porque esse olhar de sombra de temor
Se perde em mim, às horas do sol posto,
Quando é de âmbar translúcido o teu rosto,
E a tua alma desmaia como flor;



Porque essas mãos, ardidas de fervor,
Ampararam minha vida de desgosto,
Pobre que sou, Mulher, eu hei composto
Harmonias de prece em teu louvor!



Dei-te a minha alma para ti nascida,
Meus versos que são mais que a minha vida;
Por Deus, perdoa ao mísero mendigo!



Perdoa a quem, ansioso de outro mundo,
Implora à Morte o sono mais profundo,
Só pela graça de sonhar contigo!

sábado, 21 de julho de 2012

As mãos pressentem



Al Berto


As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada