As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Para mim mesma
Para meus olhos, quando chorarem,
terem belezas mansas de brumas,
que na penumbra se evaporarem…
Para meus olhos, quando chorarem,
terem doçuras de almas e plumas…
E as noites mudas de desencanto
se constelarem, se iluminarem
como os astros mortos, que vêm no pranto…
As noites mudas de desencanto…
Para meus olhos quando chorarem…
Para meus olhos, quando chorarem,
terem divinas solicitudes
pelos que mais se sacrificarem…
Para meus olhos, quando chorarem,
verterem flores sobre os paludes…
Para que os olhos dos pecadores
que os homens humilharem, que os maltratarem
tenham carinhos consoladores,
Se, em qualquer noite de ânsias e dores,
os olhos tristes dos pecadores
para os meus olhos se levantarem…
Cecília Meireles
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