segunda-feira, 16 de julho de 2012

DIA 137



Poucas coisas conheço tão fascinantemente belas como esses

teus olhos, que fazem algarves de inveja às amêndoas. 
E não
há cântaros, nem ânforas fenícias com a doçura do contorno

dos teus ombros. 
Quando beijo os teus lábios ou mordo a tua
boca, o meu sangue adquire a consistência da terra e o perfu-
me maduro da fruta do mês de junho. 
Os teus seios, de tão
firmes, foram moldando as minhas mãos, 


e os teus dedos lon

gos têm a elegância e a doçura da cana do açucar. 


As tuas per

nas são os dois mastros do veleiro que me conduz através dos
oceanos do desejo. 
O teu pescoço exibe a perfeição que estive
ram perto de atingir Polycleitos e, mais tarde, Miguel Ângelo.
Tudo é perfeito, ou quase perfeito, no teu corpo. Ainda assim,
esta simples verdade é tão evidente que não sei como fugir a
dizer-te isto: acima de tudo, bem acima de tudo, meu amor,
tens um rabo lindo!





Joaquim Pessoa  


in "ANO COMUM,"

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