As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. Um grão de poesia basta para perfumar todo um século! O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras.
terça-feira, 24 de julho de 2012
O CENTRO DO MUNDO (16)
Não leves nenhum desespero para casa.
Os que sofrem hoje
não são os que sofrerão amanhã.
Os que imploram hoje
não são os que implorarão amanhã.
A medida de todas as coisas
é como a mulher que chora no centro do mundo.
Chora para constatar que está viva.
Serve-te de um copo de leite.
Vê como é branco.
Constata como é puro.
Observa como só até um preciso momento
é útil e fruível,
Qualquer pergunta que possas fazer sobre ti
terá sempre uma única resposta
dentro de ti.
És como o leite,
puro e fruível
até ao preciso momento em que se ferve
ou azeda.
AMADEU BAPTISTA
Arte do Regresso
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