terça-feira, 24 de julho de 2012

Tão Alto me Alevanta a Fantasia



Fernão Álvares do Oriente

Tão alto me alevanta a fantasia
Ajudada a esperança do desejo,
Que a vista perco já, donde me vejo,
Daquele estado vil, em que me via.



Mas pretende da inveja a vã porfia
A luz escurecer, por que me rejo,
E derribar com seu sobejo
De tão alto lugar minha ousadia.



Mas vós, senhora, pois que meu cuidado
está seguro em vós, com segurança
Lhe deveis sustentar seu alto assento



E se haveis, que merece ser castigado:
A pena é minha, e a culpa da esperança
Que as asas empenou ao pensamento.

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